Título: Temporais isolam cidades e já mataram 8 em MG
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 05/01/2012, O País, p. 5
No total, 66 municípios mineiros estão em emergência por causa das chuvas; rodovias foram interditadas
BELO HORIZONTE. Temporais voltaram a atingir várias regiões de Minas Gerais ontem, com a destruição de casas, o alagamento de cidades inteiras e mais mortes confirmadas. Quatorze novos municípios decretaram situação de emergência - medida que desburocratiza a obtenção de verbas públicas para reconstrução -, elevando para 66 o total de cidades neste estado em Minas. A Defesa Civil confirmou a morte de oito pessoas desde o início do período chuvoso.
O corpo de mais um taxista foi localizado ontem em Ouro Preto, na região central. Ele é a segunda vítima do deslizamento de terra que destruiu parte do terminal rodoviário da cidade na madrugada de terça, e os bombeiros não descartam a hipótese de novas vítimas. Os dois motoristas aguardavam nos carros a chegada de passageiros do último ônibus vindo de Belo Horizonte, quando uma encosta do Morro dos Piolhos desabou sobre parte do terminal. As buscas devem continuar hoje.
Em Guidoval, Zona da Mata, foi achado o corpo de um homem levado pela correnteza ao descer da árvore em que se abrigava com a família. A cidade é uma das mais afetadas e parte dela ainda estava debaixo d"água ontem, quando recebeu a visita do governador Antonio Anastasia (PSDB). Foi determinada a reconstrução da ponte sobre o Rio Pomba, que corta a cidade, e a construção de um acesso provisório com a ajuda do Exército.
Comunidades e distritos de cidades da Zona da Mata, como Guiricema, Ubá, Dona Euzébia e Cipotânea, estão isolados. Há relato de deslizamentos e inundações em Lamim, São Pedro dos Ferros, Senador Firmino e Viçosa. O Rio Piranga, que corta a cidade de Ponte Nova, continua com nível acima do habitual. Em alguns trechos, o nível está até seis metros acima do normal e pelo menos 14 bairros às margens do rio estão isolados.
Moradores filmaram o momento em que um homem foi levado pela correnteza. Segundo a polícia, ele continua desaparecido. Pelo menos duas mil casas foram atingidas e até mesmo a distribuição de donativos está inviabilizada pelos problemas de acesso às vítimas. Segundo a Defesa Civil, uma mulher também está desaparecida em Santo Antônio do Rio Abaixo, a 190 quilômetros de Belo Horizonte.
No total, 119 municípios foram atingidos em Minas, afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 9.864 pessoas estão desalojadas (em casa de amigos e parentes) e 436 estão desabrigadas (em abrigos e hotéis). Pelo menos 183 pontes foram destruídas ou danificadas.
Em Belo Horizonte, voltou a chover forte na tarde de ontem, inundando bairros e gerando mais transtornos. Famílias nas margens do Viaduto São Francisco, no Anel Rodoviário, foram removidas por causa do risco de desabamento da pista danificada. Na Região Metropolitana, cidades como Brumadinho, Mário Campos e Raposos continuam inundadas. Em dezenas de cidades faltam também água e luz.
Trechos de rodovias federais e estaduais também têm problemas. Os pontos mais preocupantes, segundo o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), eram os quilômetros 82 e 84 da BR-356, entre Ouro Preto e Belo Horizonte, e o quilômetro 555 da BR-354, na ponte sobre o Rio São João. Ambos estavam totalmente interditados.
No norte de Minas, a Cemig determinou abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias, que passou a liberar 1,6 mil metros cúbicos por segundo. Com isso, o nível do Rio São Francisco subiu três metros em Pirapora, cidade da região, determinando a saída de moradores de ilhas do rio.
No Espírito Santo, mais de 12 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas, segundo balanço da Defesa Civil estadual.