Título: Fabricação de veículos decepcionou
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 06/01/2012, Economia, p. 21

SÃO PAULO. Apesar de atingir patamar recorde, a produção e a venda de veículos ficaram abaixo do projetado pelo setor em 2011. Segundo dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), com a forte entrada de importados no país (em grande parte feita pelas próprias montadoras já instaladas no país), a produção subiu apenas 0,7%, para 3,4 milhões de unidades, número 7,6% menor que a estimativa inicial de chegar ao fim do ano com 3,68 milhões de veículos produzidos. Já as vendas somaram 3,63 milhões de automóveis no ano passado, um crescimento de 3,4% sobre 2010, quando foram comercializadas 3,51 milhões de unidades. Inicialmente, as montadoras esperavam vender 3,69 milhões de unidades.

A desaceleração da economia prejudicou as vendas particularmente em dezembro, que subiram 8,4% sobre novembro, mas caíram 8,7% frente a dezembro de 2010, para 348,4 mil unidades. Já a produção caiu 4,6% em dezembro, na comparação com novembro, e 1% sobre dezembro de 2010, para 261,98 mil veículos.

Em 2011, um em cada quatro carros vendidos no Brasil foi importado. A participação de mercado desses veículos chegou a 23,6%, contra 18,8% em dezembro de 2010. As montadoras sem fábrica no Brasil tiveram uma participação pequena nas vendas de importados, em torno de 5%, e esse percentual deve ser reduzido ainda mais este ano, com a decisão do governo de aumentar em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre esses carros. De acordo com a Abeiva, os importadores independentes venderam 199 mil veículos em 2011. As vendas caíram bastante desde que o governo subiu o imposto. As concessionárias venderam 22.569 unidades em setembro, 13.264 em outubro, 15.098 em novembro e 19 mil em dezembro.

O presidente da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias, Flávio Meneghetti, disse que as vendas de carros importados da Coreia (Hyundai e Kia) e da China (Chery e Jac) devem cair 45% em 2012 em razão da decisão do governo de elevar o IPI dos veículos com índice de nacionalização inferior a 65%. O presidente da Fenabrave disse que o impacto no imposto será menor nos veículos mais sofisticados e de luxo vindos da Europa, já que o consumo é menos influenciado pelas alterações de preços. Segundo Meneghetti, os preços subiram em torno de 15%. As vendas de veículos importados do Mercosul (Argentina e México), que não são afetados pelo imposto, devem continuar em alta.

A Anfavea manteve a expectativa inicial de alta de 4% a 5% nas vendas no mercado interno este ano e informou que a produção deve crescer 1,1%, para 3,49 milhões de unidades. As exportações, que em 2011 cresceram 7,7% em unidades (541.568 veículos), devem cair 5,5% este ano. (Wagner Gomes)