Título: Projetos de R$850 milhões contra enchentes
Autor: Damasceno, Natanael; Daflon, Rogério
Fonte: O Globo, 10/01/2012, Rio, p. 12/13

Entre as obras previstas está a construção de barragem e de canais para evitar que cheias de rios inundem cidades

O governo do estado detalhou ontem três projetos, no total de R$850 milhões, que poderão reduzir os danos causados pelas enchentes em cidades das regiões Norte e Noroeste, além do município de São Gonçalo. Entre as obras, está prevista a construção de extravasadores (canais para desviar o excesso da água das chuvas) no Rio Muriaé e de uma barragem em Cardoso Moreira. As propostas, segundo o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, já foram a aprovadas pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e pelo governador Sérgio Cabral, em reunião na semana passada.

O primeiro extravasador, com cerca de cinco quilômetros de extensão e 40 metros de largura, será construído na cidade de Laje do Muriaé, onde moradores sofrem com as cheias do Rio Muriaé. Outros dois extravasadores, com dimensões semelhantes, serão construídos em Itaperuna e Italva. Nos três casos, os canais vão captar o excesso de água das chuvas antes de o rio passar pelas cidades e despejá-lo após o perímetro urbano. Os extravasadores custarão, cada um, entre R$40 milhões e R$45 milhões. Já a barragem em Cardoso Moreira está orçada em R$200 milhões.

Secretário quer construção de barragem em Minas

Em Campos, a Secretaria do Ambiente quer recuperar mais de 200 canais e diques construídos há mais de 20 anos pelo governo federal. Segundo o órgão, esses canais, que deveriam auxiliar a agricultura, estão abandonados, ajudando a piorar a situação das cidades quando o nível do Rio Paraíba do Sul sobe.

Minc negou que as propostas tenham sido apresentadas somente agora por causa dos danos causados pelas chuvas. O secretário explicou que há quase três anos foram elaborados os projetos para a recuperação dos canais de Campos, mas apenas parte foi aprovada. Minc citou ainda as obras que deverão começar em breve no Rio Imbuaçu, em São Gonçalo:

- Esses projetos não foram apresentados só agora. Eles foram apresentados ao longo do tempo. Por exemplo, o projeto de São Gonçalo. Nós apresentamos dois. Um já tinha sido aprovado e vai para a licitação e o outro foi aprovado agora. No caso de Laje do Muriaé, esse projeto foi apresentado no ano passado. Com relação à Bacia de Campos, nós apresentamos o projeto completo há três anos, mas só foi aprovada a recuperação dos canais de São Bento.

Minc acrescentou que solicitou ao governo federal que seja feita uma barragem em Minas Gerais para impedir que o excesso de água do Rio Muriaé inunde as cidades do Rio. Ele disse que o estado tem outros projetos de prazo mais curto para reduzir ou impedir os danos causados pelas chuvas.

- Essas obras (apresentadas ontem) são estruturantes, levam tempo e demandam anos para se fazer. No curto prazo, nós temos o Limpa Rio. Só na Região Serrana, tiramos 630 mil metros cúbicos (de sedimentos) de rios e canais. Temos ainda o sistema de alerta de cheias, que passou de 12 para 62 estações e salvou vidas em Friburgo e Muriaé.

Planos incluem dragagem de rios em São Gonçalo

Para São Gonçalo, o governo apresentou ao Ministério da Integração uma proposta de dragagem do Rio Alcântara e recuperação de suas margens. Serão recuperados cerca de oito quilômetros do rio, com a remoção de até mil famílias ribeirinhas. Em fevereiro, o Inea lançará o edital para dragar o Rio Imbuaçu (também em São Gonçalo) e recuperar suas margens.