Título: Em meio a protestos, Lupi reassume PDT
Autor: Remígio, Marcelo
Fonte: O Globo, 10/01/2012, O País, p. 9

Ex-ministro discute eleições municipais e é criticado por brizolistas

O ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi reassumiu no início da tarde de ontem a presidência nacional do PDT sob protestos de antigos pedetistas. Enquanto Lupi participava da reunião da Executiva Nacional na Fundação Alberto Pasqualini, no Centro do Rio, 60 militantes ligados ao Movimento de Resistência Leonel Brizola (MRLB) promoveram uma manifestação em frente ao prédio. Houve confusão, empurra-empurra e troca de ofensas entre os aliados do ex-ministro e os militantes, contrários ao seu retorno. As portas da fundação precisaram ser fechadas para evitar uma invasão.

Com o rosto abatido, Lupi - que deixou o Ministério do Trabalho após denúncias de irregularidades - comandou a reunião onde foram discutidas as eleições municipais, a escolha da indicação de um nome para assumir o Trabalho e a reorganização do partido. Com a direção estadual do Rio ocupada em caráter provisório e a escolha dos membros sub judice desde 2008, o partido enfrenta uma grave crise interna. Disputas no diretório fluminense respingaram nos demais, e a legenda soma hoje apenas sete diretórios estaduais organizados, quando a legislação eleitoral prevê, pelo menos, nove.

Desafetos de Lupi querem cargo de presidente

Membros do MRLB exigem a renúncia de Lupi do comando do partido. O ex-ministro diz que cumprirá o mandato até março de 2013. No entanto, integrantes da Executiva Nacional estudam a realização de eleições para a escolha do novo comando, o que levanta a hipótese de antecipação da substituição de Lupi.

- Ele (Lupi) tem mandato. A renúncia é um ato pessoal. Não devemos constranger ninguém. Há uma divergência no partido, não há uma sintonia entre o poder partidário e parte dos militantes, não podemos buscar a omissão - disse o deputado federal Miro Teixeira (RJ).

Dos 23 membros da Executiva Nacional, 20 participaram do encontro que marcou o retorno de Lupi. Ao ser indagado sobre sua candidatura a vereador no Rio, o ex-ministro afirmou estar preocupado em percorrer o país para reestruturar o partido. Lupi disse não haver, ainda, o puxador de legenda definido. Os integrantes da executiva não chegaram ontem a um acordo sobre qual nome indicarão para o comando do Ministério do Trabalho. Sobre os protestos, Lupi minimizou os pedidos para que deixe a presidência do PDT.

- Isso é uma briga pessoal orquestrada pelo Vivaldo Barbosa (ex-deputado). Não tenho a unanimidade, nem Cristo tem. Nosso líder, Leonel Brizola, também foi questionado. Deixaram o partido Saturnino Braga, Cesar Maia, Garotinho, e Jaime Lerner - afirmou Lupi. - Eles têm o apoio de só três dos 350 integrantes da executiva nacional - acrescentou o ex-ministro, que aponta como prioridade no Rio a reeleição dos prefeitos pedetistas de Niterói, Nova Iguaçu e São João de Meriti, além de manter a prefeitura de São Gonçalo.

Enquanto a Executiva Nacional dava boas-vindas a Lupi, na rua o ex-ministro era o alvo de críticas e provocações :

- Qual o candidato a prefeito ou vereador que terá coragem de sair pelas ruas com o Lupi ao lado? - ironizou o deputado estadual Paulo Ramos.

- É um desastre o retorno dele para o PDT. Ele joga o PDT na lama - disse o desafeto de Lupi Vivaldo Barbosa.