Título: Estado diz que precisa de mais R$1 bi para encostas
Autor: Damasceno, Natanael
Fonte: O Globo, 12/01/2012, Rio, p. 14
Um ano após catástrofe, apenas 30 pontos da Região Serrana entraram na lista para obras de contenção
Um ano após os temporais provocarem 777 deslizamentos em sete municípios da Região Serrana, a maioria dos pontos não recebeu obras de contenção. O subsecretário de Interior do governo do estado, Affonso Monnerat, estimou ontem que R$1 bilhão ainda terão que ser gastos nas encostas para torná-las seguras. Ele não incluiu os investimentos para recuperar áreas consideradas de menor risco, por estarem em locais isolados. Na conta também estão fora os R$147 milhões que estão sendo investidos em 30 pontos considerados prioritários. As primeiras obras acabam este mês em Petrópolis, mas a maioria deve prosseguir até março. Ou seja, ao fim de mais um verão.
- O trabalho é complexo e difícil. Além da contenção, redes de drenagem têm que ser implantadas - disse Monnerat.
As obras se limitaram às cidades maiores. Os 30 pontos estão em Friburgo (8), Teresópolis (12) e Petrópolis (10). Sumidouro, Bom Jardim, Areal e São José do Vale do Rio Preto, que somaram quase 200 deslizamentos, ainda esperam recursos. Em vistoria feita na região, porém, o CREA só encontrou oito pontos em obras.
- Os prefeitos escolheram as áreas prioritárias. Só em Friburgo são R$102 milhões gastos em seis pontos do Centro e nos bairros de Córrego D"Antas e Duas Pedras - explicou o subsecretário.
O vice-governador Luiz Fernando Pezão atribuiu ontem outros fatores, além da complexidade das intervenções, à demora. Um dos motivos seria a falta de mão de obra especializada. Ele defendeu também a criação de legislação específica para contratar obras após tragédias naturais.
- As próprias empreiteiras têm dificuldade para contratar geólogos devido à concorrência com a indústria do petróleo e gás. E, no Rio, os insumos estão mais caros devido ao mercado da construção, aquecido com as obras da Copa e das Olimpíadas. Mas a tabela para construir casas, por exemplo, é única para todo o país - disse Pezão.