Título: Imprensa estrangeira comenta decisão
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 12/01/2012, O País, p. 3

"El País" critica o fechamento da fronteira

A decisão do governo brasileiro de fechar as fronteiras para os haitianos e regularizar a situação dos cerca de 4 mil que já estão no país foi destaque nos portais de notícias e sites estrangeiros. Os jornais destacaram a importância da imigração na formação da nação brasileira, e o perigo que os haitianos correm em busca de um emprego no país anunciado como a 6ª economia mundial.

O "The New York Times" lembrou que a crescente demanda por mão de obra no Brasil - que teria relação com Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 - chama a atenção também de indianos e paquistaneses. Mas, segundo o jornal americano, eles são usualmente deportados. A decisão de acolher os haitianos teria sido, portanto, uma exceção.

O jornal espanhol "El País" descreveu a entrada massiva de haitianos como "um problema sério" para a presidente Dilma Rousseff, que teve que reunir seus principais ministros em busca de uma solução. O diário lembrou que o Brasil é um país formado por imigrantes de mais de 20 países e, por isso, fechar completamente as fronteiras não seria uma solução compatível com a "dívida histórica" que a nação tem com aqueles que enriqueceram culturalmente o país.

De acordo com a publicação, o maior temor do governo é que os haitianos irregulares no Brasil sejam contratados ilegalmente por empresas terceirizadas e empregados em empresas estrangeiras em "condições de trabalho escravo", como ocorreu com a marca espanhola Zara, ressaltou o jornal - fiscalização do governo federal flagrou estrangeiros em situação análoga à escravidão em oficinas contratadas pela empresa, em São Paulo.

O diário venezuelano "El Universal" acrescentou que a maioria dos haitianos no Brasil sofreu abusos de traficantes que os trazem por rotas que passam por Bolívia e Peru. E destacou a declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que disse que "o governo não será indiferente à situação de vulnerabilidade econômica dos haitianos, mas que, de agora em diante, será necessário visto para a entrada no Brasil".