Título: Nada de novo no Congresso
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 05/09/2009, Política, p. 8

Pesquisa revela que políticos alvos de denúncias mantêm influência

¿Quem é rei nunca perde a majestade.¿ O ditado popular pode ser aplicado ao Congresso pelo que revela pesquisa do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), divulgada ontem, com os 100 parlamentares mais influentes de 2009. A chuva de denúncias e a crise institucional instalada nos últimos meses não abalaram o prestígio desses congressistas. José Sarney (PMDB-AP), Renan Calheiros (PMDB-AL), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Antonio Palocci (PT-SP) continuam figuras fortes na política brasileira. Assim como Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ), que se destacam pelas posições firmes na busca pela ética.

A bancada do Distrito Federal está ganhando espaço, com a inclusão de cinco dos 11 parlamentares na lista. Dois são novatos (confira quadro). Um dos motivos, segundo especialistas, é a base eleitoral em Brasília. ¿Esse período foi de consolidação das lideranças já existentes. A maioria das vagas que se abriram foi de pessoas que se licenciaram para exercer o mandato ou voltaram do Executivo¿, diz o diretor técnico do Diapi, o cientista político Antônio Carlos Augusto Queiroz, citando as senadoras Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Marina Silva (PV-AC), pré-candidata à Presidência. Para ele, a crise é produto da disputa da oposição com a situação. ¿Os dois lados querem sustentar determinadas lideranças, sendo que, desta vez, a oposição se fortaleceu.¿

Renovação

Para o cientista político, as eleições de 2010 terão um impacto significativo no Senado. Ao contrário do que deve ocorrer na Câmara, onde ele acredita que deve manter a média histórica de renovação. ¿Muita gente não vai disputar para evitar o desgaste emocional, além dos custos de campanha. Quem está no exercício do mandato está garantido¿, afirma, criticando a atual legislatura, na qual ¿nada de relevante foi votado¿. Queiroz cita, como exceções, o piso nacional dos professores e a lei seca. ¿É raro encontrar algo de interesse público. No passado, tivemos as leis da microempresa, da biossegurança e das falências. Agora, a oposição travou e ficou nessa. 2010 chegou mais cedo.¿

Os ¿cabeças¿ são, de acordo com a pesquisa que está em sua 16ª edição, aqueles que exercem real influência no processo de decisão e sobre os demais envolvidos. Têm, pelos critérios do Diap, mais habilidades para elaborar, interpretar, debater ou dominar regras e normas do processo decisório, bem como para manipular recursos de poder, de tal modo que suas preferências ou do grupo que lideram prevaleçam no conflito político. O estudo também traz também os parlamentares em ascensão. São 48 os integrantes da nova lista, nenhum do DF. Entre eles: Sarney Filho (PV-MA), Lúcia Vãnia (PSDB-GO) e Marisa Serrano (PSDB-MS).