Título: Comércio voltou a crescer no fim do ano
Autor: Beck, Marcio
Fonte: O Globo, 13/01/2012, Economia, p. 23

Alta de 7% do setor em 12 meses contrasta com a estagnação da produção industrial

As vendas do comércio varejista voltaram a crescer em novembro. Depois de estagnação em outubro, houve alta de 1,3% no movimento, puxada pelos hipermercados, o grupo de maior peso no varejo, que também venderam mais 1,3%. Equipamentos de informática, que subiram 6%, também provocaram a reação no setor. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a alta foi de 6,8%. O acumulado do ano é de 6,7% e o de 12 meses, de 7%. A taxa alta contrasta com o baixo desempenho da indústria, que cresceu apenas 0,6% nos últimos 12 meses.

A redução ou subida menor de preços dos alimentos ajudaram as vendas dos hipermercados. Frente a novembro de 2010, a alta foi de 6,3%. Apesar de terem subido 4,6% na comparação com outubro, as vendas de veículos ainda ficaram negativas (-2,9%) em relação a novembro de 2010, penúltimo mês de vigência do IPI menor para carros novos, o que fez explodir a venda no fim do ano retrasado.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) acredita que as vendas vão crescer 6,5% este ano. Segundo o chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, o varejo será impulsionado pela combinação entre aumento do crédito e inflação menor do que em 2011.

- Isso aumentará o poder de

compra real do consumidor - afirmou.

A queda dos preços e a demanda maior movida pela alta no emprego melhoraram as vendas de móveis e eletrodomésticos em 0,3% contra outubro e em 12,3% frente a novembro de 2010. Preços menores também foi a explicação dada pelo IBGE para as vendas maiores de equipamentos de informática, que subiram 6% em relação a outubro e 28,8% na comparação entre novembro e igual mês de 2010.

Das nove atividades pesquisadas, apenas o setor de roupas vendeu menos no confronto com o mês anterior, de 0,5%, ainda que tenha sido positiva, em 0,4%, na comparação com igual mês de 2010. Dessa vez, os preços inibiram as vendas.

- Diante dos aumentos no preço, os consumidores migram para o comércio informal (o IBGE só pesquisa as empresas formalizadas), que é muito forte - analisou o técnico da área de Comércio e Serviços do IBGE Nilo Lopes de Macedo

Resultado foi acima do esperado pelo mercado

André Perfeito, da Gradual Investimentos, comparou o resultado do comércio com o da indústria, mostrando o descompasso entre a demanda e a produção no Brasil:

- Se o governo quiser manter o crescimento em alta no país, terá que necessariamente promover uma transferência do varejo em direção à indústria brasileira, para evitar a redução das margens de lucro, o que inviabilizaria investimentos.

Para o consultor Andrew Storfer, da Boucinhas & Campos, o resultado foi acima do esperado, mas não chega a dar motivos para comemorações.

- Temos que lembrar que outubro não foi um bom mês. Este ano não será de grande desempenho, sem grandes aumentos nem grandes quedas - explicou Storfer.

As estimativas preliminares para dezembro do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, apontam que as vendas devem ter crescido 6,5% em 2011 frente ao ano anterior, quase a metade do resultado de 10,9% de 2010.

- Para 2012, esperamos nova desaceleração, com alta de 5,4% na comparação com o ano de 2011 - afirmou ele.