Título: Dilma: Queremos um país de classe média
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 13/01/2012, O País, p. 11

Presidente assina convênio com Geraldo Alckmin para construir 97 mil moradias populares em São Paulo

SÃO PAULO. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em São Paulo, que quer um Brasil "de classe média", sem os extremos de bilionários e de miseráveis. A declaração foi feita durante a assinatura de um convênio com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a construção de 97 mil moradias populares.

- Nós não queremos um país de bilionários e de pobres e miseráveis, como existe em muitas grandes nações do mundo afora. Nós queremos um país, obviamente, de pessoas ricas e prósperas, mas queremos, sobretudo, um país de classe média. Ninguém é classe média se não tiver sua casa. Ninguém - disse a presidente.

Ao anunciar o programa, Dilma e Alckmin voltaram a trocar elogios e, em ano eleitoral, a presidente disse querer aprofundar a relação que mantém com o tucano como exemplo do que chamou de "decoro governamental". Os dois políticos ressaltaram que têm uma parceria estratégica e Alckmin chegou a dizer que a relação tem "alicerces que ficarão de pé em meio a qualquer intempérie".

- É impossível, no Brasil, um governante achar que governa sem o governo estadual e os prefeitos. Não governa. Acho que o grande ensinamento que nós temos e que eu acho que mostra a maturidade do Brasil é essa relação que nós conseguimos estabelecer, independentemente de origem partidária, de credo político, de credo religioso ou opção futebolística - disse ela.

E completou:

- Podemos ter nossas divergências eleitorais, mas, acabou a eleição, essas divergências eleitorais deixam de existir.

Para Dilma, "o decoro governamental consiste em perceber que não se faz e não se tem, não se pode ter, dentro de políticas governamentais, uma relação de atrito com estados ou municípios".

Citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma afirmou que o programa Minha Casa Minha Vida nasceu como alternativa à crise econômica mundial de 2008 e 2009 e defendeu a segunda edição do programa, que tem como meta a construção de dois milhões de moradias. A presidente disse que o programa "não dá bolha porque ele não está feito em cima de nenhum processo especulativo".

- Mas eu quero garantir a vocês que o ano que vem será ainda maior. E nós, como prometemos quando lançamos o Minha Casa Minha Vida 2, os dois milhões de moradias, estamos considerando, até junho, ampliar este número para mais 400 mil. Isso significará 400 mil moradias para essa faixa de renda, essa faixa de renda até R$1,6 mil.

O convênio em São Paulo envolve R$6,1 bilhões da União e R$1,9 bilhão do governo paulista, tendo como prioridade os moradores de favelas e áreas de risco e de manancial nas regiões metropolitanas do estado.