Título: Eleição de 2018 já angustia caciques petistas
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 08/01/2012, O País, p. 15
Partido não vê nomes fortes em suas fileiras para manter o poder
• BRASÍLIA. Depois de garantir 12 anos, pelo menos, à frente do comando do país, o PT começa a se angustiar com as incertezas em relação ao futuro do projeto de poder do partido depois de 2018. De forma reservada, os dirigentes da legenda já reconhecem que haverá, naturalmente, um esgotamento do ciclo de influência petista ao fim da gestão Dilma Rousseff. Caso reeleita, terão sido 16 anos do PT no poder. Mas o grande problema, avaliam caciques, não é o desgaste natural. Mas, sim, a falta de nomes fortes para o partido continuar na disputa e, com isso, manter-se no protagonismo da política nacional. Internamente, os petistas admitem que, diferentemente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve força política para criar o seu sucessor, a presidente Dilma dificilmente conseguirá criar um novo nome ou até mesmo bancar um nome petista que venha a se sobressair. Ao mesmo tempo, o PT resiste ao plano alternativo que tem sido levantado por Lula de apoiar um nome da base aliada na sucessão de Dilma, após a eventual reeleição dela. Dentro desse cenário, o nome mais forte apontado internamente pelo próprio Lula é o do governador e presidente do PSB, Eduardo Campos (PE). Para o ex-presidente, é melhor fortalecer um aliado do que correr o risco de passar o governo para um adversário. O PT já reconhece que o lulismo se tornou mais forte do que o próprio partido ao longo dos últimos anos. Por isso mesmo, observa um ministro petista, o grande desafio da legenda será o de recuperar o seu poder de influência fora da órbita do ex-presidente. Uma providência já em curso no PT é apostar fortemente na renovação de quadros políticos. E foi, de novo, o próprio Lula que começou esse projeto de renovação, ao bancar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012. Ele é um quadro ainda não testado nas urnas, como Dilma era antes de 2010. Um nome do partido que vinha crescendo era o do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Agora, com as contradições sobre suas consultorias provocando mais uma crise no governo, ele sai da lista. Segundo interlocutores, outro nome que contaria com a simpatia da presidente Dilma para ser trabalhado para o futuro é o da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A avaliação no PT é que outros nomes com potencial para crescer, como os governadores Jaques Wagner (BA), Tarso Genro (RS) e Marcelo Déda (SE), estão presos a projetos regionais. Mas a ideia do partido é dar mais visibilidade aos seus governadores com potencial de protagonismo na cena nacional.