Título: Ministros apresentam plano contra enchentes
Autor: Carvalho, Jailton de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 09/01/2012, O País, p. 5

Conjunto de ações será exposto a Dilma; também hoje, Bezerra se reúne com presidente para se defender de denúncias

BRASÍLIA. Um grupo de cinco ministros apresenta hoje à presidente Dilma Rousseff um plano para minimizar os efeitos das enchentes no Rio, em Minas e no Espírito Santo. Também serão propostas ações contra a estiagem que atinge o Sul do país. Depois de uma semana de chuvas e pelo menos 12 mortes, as medidas foram discutidas em reunião na noite de ontem e serão divulgadas hoje de manhã.

No encontro, os ministros fizeram um balanço das ações do governo até o momento. Dele, participaram Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Fernando Bezerra (Integração) e Paulo Sérgio Passos (Transportes).

Na lista de preocupações estão, no Rio, Nova Friburgo, Cantagalo, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro, municípios onde chove forte e há inundações e deslizamentos; e, em Minas, Contagem, Ibitiré e Ouro Preto. No Espírito Santo, os focos são Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Viana e Serra.

No caso da estiagem no Sul, as maiores preocupações são Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde várias cidades estão em situação de emergência. Estimativas extraoficiais apontam prejuízos de R$2,8 bilhões e, nas lavouras gaúchas, há risco de quebra na safra de soja.

Também hoje, Fernando Bezerra quer apresentar a Dilma sua defesa. Alvo de denúncias de que favoreceu seu estado e seu filho com verbas da Integração, ele mandou fazer um pente-fino nas liberações da pasta no ano passado - tanto para combate a desastres naturais como nos empenhos (reserva para pagamento) das emendas parlamentares.

Bezerra quer mostrar que seu trabalho não privilegiou Pernambuco - embora tenha repassado ao seu estado natal 21,9% da verba contra desastres em 2001. E que não favoreceu na liberação de emendas da pasta seu filho, o deputado Fernando Filho (PSB-PE), que deverá ser candidato a prefeito de Petrolina. A Integração já disse, em nota, que "em 2011, 49 parlamentares de diferentes estados e partidos tiveram mais de 95% dos empenhos efetuados".

Parlamentares de oposição cobram investigação sobre Bezerra. O ministro manifestou interesse em ir esta semana ao Congresso para esclarecer as denúncias. A oposição não está muito empenhada no depoimento durante o recesso. Para que o depoimento aconteça, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), precisa convocar a comissão representativa, grupo de deputados e senadores que responde pelo Congresso durante o recesso.

- Isso é jogo de cena. Ele sabe que as chances são remotas, porque o presidente (José) Sarney não vai convocar a comissão representativa - disse o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

O líder tucano afirmou estar preparado para ir a Brasília, se for convocado, e já tem a linha das perguntas ao ministro. Já o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), é contra o depoimento no recesso, porque a comissão representativa tem maioria governista.

Demóstenes disse que amanhã vai entrar com representação na Procuradoria Geral da República pedindo que Bezerra seja investigado.

O irmão do ministro Clementino de Souza Coelho foi presidente interino da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), subordinada à Integração. Em nota, a Casa Civil disse que Clementino ocupa o cargo por ser o diretor mais antigo da Codevasf, e que há 50 dias avalia o nome do futuro presidente, que deve ser Guilherme Almeida.