Título: Novo IPCA deve reduzir taxa
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 07/01/2012, Economia, p. 29

Alteração no padrão de consumo das famílias será refletida no índice

Uma inflação vai ser mais branda em 2012. Essa previsão de economistas vem por causa do "novo" IPCA, que a partir de janeiro terá o peso de seus grupos alterados, para refletir a nova realidade de consumo das famílias brasileiras. O gasto com educação e empregado doméstico, por exemplo, terá menos importância no índice que atualmente. Esses itens foram os que mais contribuíram para a alta da inflação em 2011. Por outro lado, despesas com bens como carros e eletrodomésticos, que passaram a ser consumidos por um grupo maior de pessoas, terão peso maior na cesta que compõe o índice oficial da inflação. Foram exatamente esses produtos que ajudaram a conter a inflação no ano passado.

Isso acontecerá porque o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) reflete a variação de preços do orçamento das famílias. De cinco em cinco anos, o IBGE, que calcula o índice, faz a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) para captar as mudanças no orçamento doméstico e, assim, atualizar os índices de inflação. As mudanças de agora vão adequar o IPCA à POF de 2008/2009. Até então, refletia a pesquisa de 2002/2003.

Os novos pesos dos setores serão divulgados oficialmente na próxima semana, mas no fim de 2011 o IBGE já deu uma prévia dos novos pesos, o que fez com que economistas calculassem essas mudanças na inflação. Laura Haralyi, economista do Itaú BBA, afirma que o "novo" IPCA tende a absorver melhor a alta de preços que poderá ser causada com o aumento real do salário mínimo, pois itens com empregado doméstico e outros serviços relacionados mínimo foram reduzidos:

- Por exemplo, a redução do peso de cursos (educação) reduzirá o impacto concentrado no IPCA de fevereiro. E nada deve mudar na baixa inflação de julho e agosto, com a safra de alimentos e vestuário em liquidação - disse. (Fabiana Ribeiro e Henrique Gomes Batista)