Título: Convivência com quem antes mandou prender
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 15/01/2012, O País, p. 19

Taques conviverá com Jader, que já foi alvo de suas investigações

BRASÍLIA. Parceiro inseparável de Randolfe Rodrigues dentro e fora do Senado, Pedro Taques também não se impõe pelo porte físico e já se prepara para conviver diariamente com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) - por muitos anos o "vilão" que caçou país afora. Quando era procurador da República e integrava força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, Taques atuava em Mato Grosso, onde começaram as investigações de desvios envolvendo Jader. Pediu sua prisão duas vezes. Conseguiu prender o hoje senador por alguns dias.

- Minha sorte é que nosso Congresso não é igual ao da Coreia do Norte, onde os parlamentares se atracam em brigas horrorosas. Não tenho nada contra o pecador, tenho contra o pecado - diz Taques.

Ele diz que continuará com atuação voltada ao que chama de "PAC anticorrupção", propostas de reforma dos códigos Penal e Eleitoral. A atuação ganhou as redes sociais ano passado, quando ele apresentou projeto que transforma crime de corrupção em crime hediondo. O projeto foi defendido por 540 mil pessoas no site do Senado e pela banda Detonautas no Rock in Rio.

Nos últimos 30 anos como jornalista de economia e política em Brasília, Ana Amélia Lemos foi testemunha privilegiada dos bastidores de Brasília. No Senado, atua em cinco comissões, como Assuntos Econômicos e Agricultura. Destaca-se pelos discursos de fala serena e pontual:

- Falo com clareza. Depois de 40 anos como jornalista, temos que ser diferentes dos políticos. Sabemos o tema que está batendo no coração das pessoas.

Foi o que houve na crise do ex-ministro Antonio Palocci e ela, sendo de um partido da base, foi à tribuna pedir que a presidente Dilma Rousseff o afastasse e assinou pedido de CPI.

- Fui procurada por gente mais ligada ao Lula para me dissuadir. O Rio Grande do Sul não se surpreendeu. Mas o pessoal de fora, sim. O mesmo fiz no caso do ministro dos Transportes.

Na quinta passada, recebeu elogio público de Sarney pelo fato de, mesmo não sendo da comissão representativa do recesso, ter ido acompanhar o depoimento do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.

Perguntada se no plenário está mais próxima do governo ou da oposição, a senadora é taxativa: de nenhum dos dois.

- Estou equidistante dos dois. A oposição não está sabendo aproveitar o momento. Tem posição panfletária e sem consistência. No depoimento do ministro Bezerra, não foram a fundo. Fazem sua firula e vão embora.

No primeiro ano como senadora, ela avançou na tramitação de projeto que fez com apoio do oncologista Paulo Hoff, que obriga planos de saúde a administrar em casa quimioterapia oral em pacientes com câncer, para evitar infecção hospitalar.

Pelo combate à corrupção, o trio de "independentes" foi, ainda, premiado com o Mérito Industrial Firjan/ABI/OAB.