Título: Procuradoria investiga entrada irregular
Autor: Otavio, Chico; Guilayn, Priscila
Fonte: O Globo, 15/01/2012, O País, p. 3

A combinação de regras rígidas para vistos de trabalho, como ocorre hoje, com crescimento econômico pode ter criado um foco de corrupção nas portas de entrada do país. No Ministério Público Federal, o grupo de Controle Externo da Atividade Policial investiga a suspeita de que trabalhadores estrangeiros estariam entrando no Brasil, pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, sem o visto exigido. O destino da maioria seria a Bacia de Campos, onde estão as plataformas de petróleo.

O MPF já descobriu que a relação de estrangeiros embarcados em helicópteros nos aeroportos de Campos e Macaé, com destino às plataformas, não bate com o número de trabalhadores de fora que desembarcaram no Brasil portando visto de trabalho.

Da lista com 200 nomes transportados pelos helicópteros de apenas uma empresa, a Aeróleo Táxi Aéreo, 40 estrangeiros (20%) não estavam no Sistema de Tráfego Internacional (STI) gerido pela Polícia Federal, com dados sobre os registros de entrada e saída do Brasil.

Para contratar estrangeiros, as empresas precisam provar que o ingresso desses trabalhadores no país representa transferência de tecnologia. Além disso, eles não podem ganhar aqui menos do que recebiam no exterior ou obter salário inferior ao que ganham dois terços dos empregados da empresa contratante.

Em vez de cumprir a lei, algumas empresas buscam os atalhos. Os procuradores da República desconfiam que uma parcela de estrangeiros entra com visto de turista. Como vão e voltam com frequência, de acordo com as escalas de trabalho, um simples sistema de controle seria capaz de detectar a fraude.

Responsável pelas investigações sobre o derramamento de óleo causado pela norte-americana Chevron, delegado Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, chegou a levantar essa hipótese:

- O estrangeiro, para trabalhar no Brasil, precisa de visto de trabalho. Parece que alguns funcionários da Chevron trabalhando ali sequer deram entrada em território nacional. Mas estamos apurando - declarou, em entrevista na ocasião.

No sistema de imigração da PF, alguns dos funcionários não possuíam visto de trabalho e outros não tinham a entrada no país registrada. A Chevron, porém, afirmou que todos estavam legalizados.