Título: Para especialistas, mapear área de risco é essencial
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 11/01/2012, O País, p. 10

Para especialistas, mapear área de risco é essencial

Segundo eles, é preciso criar departamentos da Defesa Civil em todos os municípios

SÃO PAULO. Além de uma força-tarefa de emergência, o governo federal precisa promover o mapeamento das áreas de risco em todo o país e instigar os municípios a criarem departamentos de Defesa Civil. Essa é a opinião de especialistas ouvidos ontem pelo GLOBO, que destacaram a decisão do governo de criar um grupo de trabalho com 50 geólogos e hidrólogos como uma das medidas mais importantes do plano anunciado anteontem.

Geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Eduardo Soares de Macedo afirmou que o governo anunciou o treinamento de seis mil agentes da Defesa Civil, mas que grande parte dos municípios não tem esse departamento.

- E onde não há Defesa Civil? Os municípios criam esse departamento a partir de um empurrãozinho do governo.

Para Macedo, vice-presidente da Associação Brasileira de Geologia e Engenharia Ambiental, a grande novidade do plano do governo é o grupo de geólogos e hidrólogos que deve atuar na Frente Nacional de Apoio Técnico de Emergência. Ele lembrou que, apesar da Medida Provisória 547, publicada em outubro e que cria um cadastro nacional de áreas de risco, o mapeamento não é feito em todo o país:

- Só algumas cidades têm esse mapeamento. Há seis anos, o Ministério das Cidades passou a financiar esse trabalho, mas há, no máximo, cem cidades mapeadas.

Plano era reivindicação antiga, diz especialista

Especialista em planejamento de recursos hídricos, Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp, disse que o mapeamento não deve ser restrito às áreas atingidas pelas chuvas este ano:

- O plano foi uma decisão de emergência, uma decisão política. Esse grupo de geólogos é uma ação necessária, que já deveria ter sido feita. Deveria haver um plano de longo prazo para identificar a população de risco e fazer a retirada dessas famílias e seu reassentamento. O mapeamento tem de ser nacional - diz ele.

Para o engenheiro Arsenio Negro, presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia, o plano do governo chega após muitos anos de reivindicação das entidades e dos pesquisadores:

- Estamos há anos pedindo aos governos e motivando a ação preventiva, mas, pela primeira vez, estamos falando de recursos - disse, sobre os R$444 milhões reservados ao programa federal. - Mas recurso reservado, no Brasil, nem sempre é recurso aplicado.