Título: TRT-RJ passa adiante pedido da OAB
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 17/01/2012, O País, p. 11

Tribunal quer esclarecimento do CNJ

O Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) anunciou ontem que pedirá explicações ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para saber quem do tribunal movimentou, em 2002, R$282,9 milhões. Segundo o vice-presidente do TRT-RJ, desembargador Carlos Alberto Araujo Drummond, o tribunal vai divulgar o nome do magistrado ou do servidor responsável pelas 16 transações financeiras assim que tiver acesso às informações. Essas operações foram consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

- Vamos oficiar o CNJ hoje (ontem) e pedir esclarecimentos. Se há alguém neste momento que sabe, que tem pelo menos mais esclarecimentos, é o CNJ - afirmou Drummond, que deu entrevista no lugar da presidente do tribunal, Maria de Lourdes Sallaberry, que alegou motivo de saúde e não compareceu.

Ele disse, porém, não ter percebido qualquer operação irregular no TRT-RJ:

- Nenhum de nós neste tribunal percebeu qualquer servidor ou magistrado com sinais de riqueza nesses anos todos.

Segundo Drummond, a única transação atípica descoberta foi há dois anos, na 24ª Vara do Trabalho, quando a Corregedoria identificou um servidor suspeito de desviar R$850 mil que estavam sob a guarda da União.

- Ele responde a processos disciplinar e criminal - contou o magistrado.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), seccional Rio, enviara ofício ao TRT-RJ para saber o nome do responsável pela transação milionária e a origem do dinheiro. O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, lembrou que a movimentação atípica em 2002 coincidiu com o incêndio no prédio do tribunal, que destruiu 11 mil processos.

Drummond não quis relacionar o caso com o incêndio. À época, peritos da Polícia Federal e do Corpo de Bombeiros concluíram que o ato foi criminoso.

- Posso fazer ilação semelhante. A obra (depois do incêndio) custou, em caráter emergencial, R$15 milhões para reforçar a estrutura do prédio, que ficou abalado. Depois, para recuperar rede elétrica e elevadores trocados, a União gastou mais R$35 milhões. Ou seja: R$50 milhões. Façam os senhores as suas ilações - disse Drummond.