Título: Patriota avalia como positivo pacote sobre visto
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 21/01/2012, O País, p. 13

Para o ministro, medidas para aumentar o fluxo de brasileiros nos EUA facilitam contato entre os dois países

SÃO PAULO. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, avaliou ontem como positiva a decisão do governo dos Estados Unidos de reduzir o tempo de espera para a concessão de vistos de entrada no país, principalmente para brasileiros e chineses.

- Na medida em que facilite o contato das duas sociedades, das duas economias, isso só pode ser considerado uma coisa positiva, ainda mais no momento em que preparamos a visita da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos, a convite do presidente Barack Obama. A visita deverá acontecer nos próximos meses - disse Patriota, após encontro em Brasília, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Kostyantyn Gryshchenko.

Em anúncio na última quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos disse que, até o fim deste ano, vai aumentar a capacidade de processamento de vistos para o Brasil e a China em 40% - os dois países têm o maior acúmulo de pedido de vistos.

No pacote de medidas, também está prevista a ampliação da faixa etária das pessoas que estão liberadas de entrevista para obtenção do visto - atualmente, encontram-se nessa condição os menores de 14 anos ou quem tem mais de 80 anos. Ainda assim, todas elas terão de ir aos consulados ou à embaixada para que suas digitais sejam recolhidas.

Diante disso, a fila nos consulados americanos deve permanecer longa. Em São Paulo, por exemplo, costuma reunir até 1.700 pessoas por dia. Ontem, uma delas era Cassiano Tavares, de 38 anos, que levantou muito cedo para estar às 7h na fila, onde o tempo médio de espera era de quatro horas. Ele queria um visto de turista e contou ter ficado surpreso com a entrevista.

- Achei que iam fazer um interrogatório. Trouxe uma pasta com a minha vida inteira, cheia de documentos: contracheque, extrato de conta, escritura do apartamento, tudo. No final das contas, me fizeram três perguntas básicas, muito fácil - disse, avaliando que o presidente Barack Obama levou muito tempo para dar mais agilidade à concessão de vistos.

- Obama demorou para fazer isso. Afinal de contas, ninguém vai mais para os Estados Unidos para buscar emprego. A maioria vai para passear, curtir, fazer compras.

"Fazer compras lá é muito, muito melhor"

O casal Willians Lopes, de 21 anos, e Gabriela Ganassim, de 22, são prova disso. Eles vão para Nova York em fevereiro, de olho em passeios e compras.

- Fazer compras lá é muito, muito melhor. Com R$100, dá comprar muito mais do que a gente compra aqui - assegurou Gabriela, que tem dupla cidadania e não precisa de visto.

Para Sandro Cavallari, de 40 anos, que aguardava a saída da mulher e da filha - as duas pretendem ir para a Disney no meio deste ano -, as medidas anunciadas por Obama são "puro interesse econômico":

- Não vai demorar muito, eles (americanos) vão pedir pelo amor de Deus para a gente ir até lá gastar o nosso dinheirinho.

Com G1