Título: Proteção do mínimo e do Bolsa Família
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 06/09/2009, Economia, p. 20

Tivemos um momento bem ruim. Nossas vendas chegaram a cair 30% por causa do medo da crise. Mas o pior já passou. Recuperamos tudo

Patrício Neto, empresário

Os programas sociais do governo, como o Bolsa Família, os aumentos reais (acima da inflação) do salário mínimo e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mesmo sendo executado com lentidão, ajudaram o Brasil a sair mais rápido da crise, acredita Lia Valls Pereira, do Instituto de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). ¿O Bolsa Família, por exemplo, favoreceu uma parcela da população que está desprotegida e, dificilmente, será incluída na economia formal¿, afirma. Foi esse programa, por sinal, e o salário mínimo que minimizaram a queda da indústria no Nordeste e Centro Oeste e sustentaram parte importante do consumo nos momentos mais agudos da crise. Já o PAC ajudou a ampliar os investimentos públicos de R$ 9,9 bilhões, no primeiro semestre de 2008, para R$ 11,2 bilhões em igual período deste ano.

Com o governo forçando a mão nas políticas sociais, os índices de desigualdade e renda voltaram aos níveis vigentes antes da crise ¿ os melhores da história. Nas contas do economista Marcelo Néri, da FGV, a classe C, que engloba 53% da população, teve aumento de 2,5% no rendimento médio entre julho de 2008 e o mesmo mês deste ano. Já a renda das classes A e B está apenas 0,5% abaixo do patamar registrado há um ano. Em janeiro, quando a crise era um monstro, as classes menos favorecidas chegaram a perder 30% das conquistas de anos anteriores. ¿Tivemos um momento bem ruim. Nossas vendas chegaram a cair 30% por causa do medo da crise. Mas o pior já passou. Recuperamos tudo¿, afirma Patrício Neto, 50 anos, empresário do setor de bares e restaurantes. (Colaborou Daniel Gonçalves)