Título: Manifestantes atacam carro de Kassab
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 26/01/2012, O País, p. 10

Ovos, pedaços de pau e até lixeira foram jogados contra o veículo do prefeito, após missa pelo aniversário de SP

SÃO PAULO. Cerca de 200 manifestantes cercaram o carro do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), na manhã de ontem, quando ele saía da Catedral da Sé, onde assistiu a uma missa pelo aniversário de 458 anos da cidade. Cercado por seguranças, o carro do prefeito foi atingido por ovos, pedaços de pau e até lixeiras. Soldados da Polícia Militar tiveram que usar bombas de efeito moral e gás pimenta para afastar os manifestantes, que ainda chutavam e balançavam o veículo oficial com o prefeito dentro. Jornalistas também foram agredidos, como um repórter do "Estado de S. Paulo" e outra da TV Globo. Três horas depois, ao final de uma cerimônia no prédio da prefeitura em que entregou a Medalha 25 de Janeiro à presidente Dilma Rousseff, o vice Michel Temer e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Kassab tentou minimizar a ação dos manifestantes. — Quem está no poder público tem que compreender as manifestações, mas não podemos admitir violência. Os excessos devem ser coibidos — disse ele.

Prefeito precisou usar saída dos fundos da igreja

O grupo de manifestantes passou toda a manhã cercando a igreja à espera da saída de Kassab. Ele precisou usar a saída dos fundos da igreja. Numa primeira tentativa, o prefeito não conseguiu deixar o local. Já na calçada, foi orientado pelos seguranças a se proteger novamente dentro do saguão paroquial, enquanto policiais tentavam afastar os manifestantes, ligados ao movimento sem-teto. Antes de Kassab deixar o local, manifestantes teriam ainda furado pneus de carros da segurança. A polícia não tem informação exata de quais grupos faziam parte os manifestantes, mas acredita que seriam pessoas ligadas aos moradores da Favela do Moinho, que pegou fogo recentemente, e a movimentos sociais e de partidos contrários ao prefeito, como a "Frente da Luta pela Moradia". Eles protestavam também contra a reintegração de posse no Pinheirinho, em São José dos Campos, interior do estado, e contra as ações de combate às drogas na cracolândia, no centro da cidade. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) também era esperado para a missa, mas não compareceu.