Título: Cidades: após denúncia, demissão
Autor: Maltchik, Roberto; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 26/01/2012, O País, p. 5

Assessor suspeito de participar de negociação com lobista perde o cargo

BRASÍLIA. Desmotivação. Esse foi o argumento usado pelo Ministério das Cidades para justificar a exoneração de Cássio Ramos Peixoto, chefe de gabinete do ministro das Cidades, Mário Negromonte. Sobre Peixoto, existe a suspeita de que ele tenha participado de negociação com empresário e lobista em torno de um contrato na área de informática, antes mesmo de ser aberta licitação. Mas, em uma breve nota, o Ministério das Cidades se limitou a dizer que "o servidor foi destituído de suas funções por estar desmotivado". A saída de Peixoto foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União. A portaria é assinada pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Procurada, a assessoria de imprensa informou que é responsabilidade da Casa Civil apenas publicar a exoneração, cabendo ao Ministério das Cidades expor as razões que culminaram na saída de Peixoto. Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", uma das reuniões com o empresário teria contado com a presença de Negromonte. São citados na matéria, entre outros, o deputado João Pizzolatti (PP-SC), o secretário- executivo do ministério, Roberto Muniz, e o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE). O Ministério das Cidades é um dos que foram atingidos por denúncias de corrupção. Mas Negromonte resiste no cargo e chegou a dizer, em entrevista ao GLOBO, que está " mais firme do que as pirâmides do Egito". Entre as denúncias está a acusação de que Negromonte favoreceu, por meio da liberação de emendas parlamentares, a cidade de Glória (BA), administrada por sua mulher. Também existe a suspeita de que servidores do ministério, com aval do ministro, forjaram documento autorizando mudanças em projeto de mobilidade urbana de Cuiabá. A troca de linha rápida de ônibus (BRT) para veículo leve sobre Trilhos (VLT) encareceu o projeto em R$ 700 milhões.