Título: Dilma prega renovação de ideias contra crise
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 27/01/2012, O País, p. 11

Presidente critica "receitas fracassadas" que levaram à recessão; e chama de barbárie ação da PM em Pinheirinho

PORTO ALEGRE. Ao discursar ontem no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff criticou o neoliberalismo e afirmou que os países da América Latina foram vítimas de "receitas fracassadas", nos anos 80 e 90 do século passado, que os levaram à recessão. Ela também defendeu a criação do estado da Palestina, o qual disse esperar que "possa constituirse brevemente", e saudou as relações do Brasil com os países vizinhos, com a África e o mundo árabe. — Confesso que não fiquei satisfeita com os resultados (da reunião do G-20 em Cannes). Não é fácil produzir novas ideias e alternativas quando estamos dominados por preconceitos políticos e ideológicos — afirmou a presidente. Dilma continuou seu discurso, sob aplausos, afirmando que a América Latina já viveu momento semelhante ao vivido na Europa: — Conhecemos bem esta história: nos anos 80 e 90, confrontados com profundos desequilíbrios macroeconômicos, preconceitos políticos, preconceitos ideológicos que impingiram aos países da América Latina o modelo conservador que levou nosso país à estagnação, à perda de espaço democrático, soberano, aprofundando a pobreza, o desemprego e a exclusão social. Hoje, essas receitas fracassadas estão sendo propostas novamente na Europa. Para a presidente Dilma, é preciso "desencadear um movimento de renovação de ideias" para "enfrentar os dias difíceis" vividos por grande parte da humanidade. Ela defendeu a importância dos movimentos que têm ido às ruas para protestar no mundo todo, considerando-os um "sintoma importante": — O mundo do pós-neoliberalismo não pode ser o do pós-democracia — disse ela, que finalizou lembrando da Rio + 20: — Eu tenho certeza: um outro mundo é possível. Até o Rio de Janeiro. Mais cedo, em reunião com os coordenadores do Fórum Social Mundial, Dilma criticou a ação da Polícia Militar de São Paulo na desocupação da comunidade de Pinheirinho, que chamou de barbárie.