Título: Bovespa tem alta pelo oitavo dia consecutivo
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 27/01/2012, Economia, p. 23

Ibovespa avança 0,75% e se aproxima dos 63 mil pontos. Dólar comercial vai a R$1,744, menor valor em 2 meses

Na volta do feriado paulistano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) completou ontem seu oitavo pregão seguido de valorização, maior sequência desde julho de 2010. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa, avançou 0,75%, aos 62.953 pontos, com um volume de negócios de R$7,9 bilhões. O destaque ficou para as construtoras. Já o dólar comercial fechou em queda de 1,08%, para R$1,744, a menor cotação em mais de dois meses.

Segundo analistas, os mercados foram influenciados ontem principalmente pela decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de manter a política de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, com os juros próximos de zero, até 2014.

- Os mercados brasileiro e europeu estavam fechados quando o Fed comunicou a decisão, na quarta-feira. Então, vimos um ajuste nos preços por causa da notícia, que foi positiva. O mercado segue em alta, mas o cenário pode mudar - diz Newton Rosa, economista da SulAmérica Investimentos.

Na Europa, os principais índices registraram suas maiores cotações em seis meses. Fecharam em alta as Bolsas de Londres (1,26%), Paris (1,53%), Frankfurt (1,84%) e Madri (1,85%). Além da decisão do Fed, investidores gostaram do avanço de um indicador de atividade econômica futura nos EUA, medido pelo Conference Board. O LEI (índice de indicadores antecedentes, na sigla em inglês) aumentou 0,4%, para 94,3, maior patamar desde julho, influenciado pela melhora do mercado de trabalho.

Em Wall Street, o Dow Jones fechou em baixa de 0,18% e o Nasdaq, de 0,46%.

No mercado brasileiro, o destaque ficou para ações de construtoras. Fecharam em forte alta os papéis ordinários (ON, com voto) da Rossi (6,35%, a R$9,71), MRV (5,28%, a R$14,16) e PDG (5,22%, a R$7,46).

Segundo operadores, os papéis foram influenciados pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, que revelou a intenção do Banco Central (BC) de cortar a taxa básica de juros (Selic) para uma casa decimal.

- Como são ações voltadas ao mercado doméstico e dependentes do custo do crédito, os investidores viram motivos para comprar fortemente as ações - disse um operador.

Câmbio: especialista não vê razão para intervenção

Outro destaque foi a OGX, empresa do bilionário Eike Batista. Os papéis OGX ON subiram 1,07%, a R$16, após a Agência Nacional de Petróleo (ANP) autorizar a companhia a exportar o petróleo produzido no país.

E, após as fortes altas nas últimas semanas, as ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram ontem 1,89%, para R$24,92. Segundo analistas, investidores venderam as ações para embolsar os lucros das recentes altas.

No câmbio, a entrada de dólares no país segue pressionando a cotação da moeda.

- Mesmo com a sequência de quedas, não existe motivos para o BC atuar no mercado com a cotação a R$1,74. Está distante do ponto que preocupou o governo, como R$1,55 - disse Rodrigo Trotta, superintendente de Tesouraria do banco Banif.