Título: Indústria patina e cresce só 0,3% em 2011
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 01/02/2012, Economia, p. 23

Dos 27 setores, 12 encolheram no ano passado. A produção de carros caiu 7,8%, o maior tombo em 12 anos

A indústria brasileira ficou praticamente estagnada em 2011. A produção do setor cresceu somente 0,3% no ano passado, após expansão de 10,5% no ano anterior, informou ontem o IBGE. Dos 27 setores analisados, 12 apresentaram queda, evidenciando os contrastes entre os diversos segmentos. As medidas tomadas no início de 2011 para esfriar a economia - como a alta dos juros e restrições aos financiamentos - aliados à piora da crise global,e ao avanço das importações no país contribuíram para resultado, que ficou abaixo da variação de toda a economia no ano passado, funcionando como um freio para o PIB, uma vez que outros setores, como o comércio e os serviços, cresceram em ritmo acelerado.

- O resultado muito abaixo de 2010, com 12 setores em queda, é em grande parte o impacto da forte concorrência de fora do país, uma vez que o volume importado cresceu muito em segmentos como têxtil, vestuário e calçados - afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Em dezembro, a produção industrial cresceu 0,9% sobre novembro, mas ainda foi 1,2% inferior ao registrado em dezembro de 2010. Mesmo com a segunda alta seguida na produção na frente ao mês anterior, a produção industrial acumula, desde agosto, uma retração de 1,4%.

- Podemos dizer que dezembro foi um mês melhor que os anteriores na comparação com os mesmos meses do ano passado, foi o que registrou a menor retração. Mas no acumulado dos últimos cinco meses, o resultado ainda é negativo - explica Macedo, que afirmou que em dezembro a indústria estava produzindo o mesmo que em dezembro de 2010 e que este volume ainda era 3,5% inferior ao ápice do setor, vivido em março de 2011.

Com o resultado da indústria, José Francisco Gonçalves, do Banco Fator, reduziu a previsão do PIB de 2011 de 2,7% para 2,6%.

A análise do resultado anual aponta que a maior alta da indústria ocorreu na produção de bens de capital, que cresceu 3,3%, motivado principalmente pela produção de caminhões e outros equipamentos de transporte de cargas, que cresceu 12,4% no ano passado. Bens intermediários (0,3%) e bens não duráveis (-0,2%) ficaram estagnado. Já a produção de bens duráveis recuou 2%, queda puxada pelos automóveis, que teve o pior desempenho em 12 anos:

- A produção de automóveis foi a maior contribuição negativa para o setor. Caiu 7,8% em 2011, a maior redução desde 1999

Ele , contudo, disse que o crescimento dos bens de capital para a indústria indicam que o setor pode estar se preparando para uma expansão do investimento:

- Bens de capital para a indústria cresceram 3,9% em 2011, o que é um alento em relação ao comportamento geral .

Aloísio Campelo, economista da FGV, disse que 2012 começa ruim para a indústria pois o carregamento estatístico é de -0,9%. Se a produção ficar estável, ela ainda será menor que em 2011.

- Sem complicações na Europa, a indústria deve crescer entre 2,5% e 2,8%. Este mês, 6,3% das empresas estão com estoques altos, contra 10,2% em dezembro. Esse é o primeiro passo para retomar a produção.