Título: Dilma deve definir sucessor de Negromonte ao voltar de Cuba
Autor: Camarotti, Gerson; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 01/02/2012, O País, p. 4

Presidente e ministro conversam quinta-feira. Nome mais cotado é de líder do PP

Enviado especial

BRASÍLIA e HAVANA. A presidente Dilma Rousseff sinalizou ontem que definirá ainda esta semana o futuro do ministro das Cidades, Mário Negromonte, quando retornar ao Brasil. A interlocutores, o próprio Negromonte confirmou ontem que Dilma já avisou que quer conversar com ele na volta da viagem à Cuba e ao Haiti, quinta-feira. No Planalto, a expectativa é que seja confirmada a substituição do ministro, e o nome mais cotado é o do líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). Questionada ontem em Havana, Dilma evitou comentar a situação do ministro. — As questões relativas ao Brasil, eu já disse para vocês anteriormente, e vocês são muito insistentes e inteligentes, nós discutimos no Brasil a partir de quinta-feira — afirmou, rindo.

O líder Aguinaldo Ribeiro ganhou força nas últimas semanas, depois que ele ampliou a interlocução com o Planalto. Recentemente, o próprio Aguinaldo esteve com Dilma, o que passou a ser um indicativo claro de que seu nome pode ser a principal alternativa. Isso gerou, por parte de setores do PP, a tentativa de desestabilizá- lo. Ontem, começou a circular, inclusive no Planalto, um suposto dossiê com processos que familiares de Aguinaldo Ribeiro responderiam na Justiça.

Internamente, Negromonte já teria dito a políticos próximos da sua intenção de não criar constrangimentos e entregar uma carta de demissão a Dilma. Mas ontem seus aliados mais próximos, na tentativa de evitar o pior para sua imagem, responsabilizavam o próprio partido por sua instabilidade no governo.

O Planalto avalia que dois fatores contribuíram para desestabilizar Negromonte: fraco desempenho na gestão da pasta e a falta de apoio partidário. Era para Negromonte ter participado de uma reunião sobre gestão do PAC na Casa Civil, mas ele não foi. Mais um sinal, segundo palacianos, de que ele já está fora.

A provável demissão de Negromonte não será motivo de preocupação para o governo nas votações do Congresso, disse ontem o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP):

— De minha parte, tem mais carinho do que preocupação (quanto ao PP). Sou amigo do Negromonte, e o trabalho dele foi elogiado pela presidente lá na Bahia, pelo que vi na imprensa.

Dilma chegou a sondar o PP para a possibilidade de retorno do ex-ministro Márcio Fortes. Mas o partido avisou à presidente de que Fortes tinha grande rejeição na bancada, e o próprio Negromonte vetou publicamente o retorno do seu antecessor.