Título: Com cargo, Marta apoia Haddad
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 02/02/2012, O País, p. 12

Após acordo, senadora afirma pela primeira vez que vai se engajar na campanha do ex-ministro

BRASÍLIA. Para assegurar o apoio da senadora Marta Suplicy (PT-SP) à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, o PT decidiu mantê-la na vice-presidência do Senado, revendo acordo feito ano passado, segundo o qual ela passaria a função este ano ao colega de bancada José Pimentel (CE). Após o anúncio feito pelo novo líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA) — eleito ontem pela bancada —, Marta declarou, pela primeira vez, sua intenção de se engajar na campanha de Haddad. Negou que tenha condicionado o apoio à sua permanência na Mesa do Senado.

— O que eu puder fazer para ajudar, vou fazer. Nunca tive dúvidas sobre isso, nem pensei em negociar nada. Por enquanto, minha presença não faz diferença, até porque a campanha ainda não começou — afirmou Marta.

Convidado a acompanhar a primeira reunião da bancada petista, o presidente do PT, deputado Rui Falcão (SP), foi fundamental para evitar um confronto entre os senadores petistas em relação à ocupação da vice-presidência do Senado e à substituição do senador Humberto Costa (PT-PE) na liderança do partido.

Ao fazer uma avaliação da conjuntura política do primeiro ano do governo Dilma, Falcão frisou a importância da participação dos senadores petistas como cabos eleitorais na campanha municipal deste ano, especialmente em cidades estratégicas para o PT, caso da capital paulista.

No fim da reunião, Falcão saiu em defesa de Marta e rebateu especulações de que a senadora estaria impondo condições para se engajar na campanha de Haddad.

— Nunca colocamos em dúvida a participação da senadora Marta em nossa campanha em São Paulo. Ela participará no momento devido. Não há nenhuma condição, imposição ou dúvida sobre o comportamento dela — salientou o presidente do PT.

Pressionado pela cúpula do PT a abrir mão da vice-presidência do Senado, para compensar Marta por sua desistência da disputa pela prefeitura de São Paulo, Pimentel demonstrou contrariedade antes de abrir mão da vaga.

— Ele (Pimentel) fez um discurso cobrando o cumprimento do acordo. E argumentou que, se tivesse sido eleito para a vaga na Mesa Diretora, estaria agora cumprindo o acerto feito no ano passado — contou um dos participantes da reunião fechada. A despeito do apelo de Falcão para que Marta não se manifestasse sobre a fala de Pimentel, a senadora reagiu: — Ele (Pimentel) já foi nomeado líder do governo no Congresso. Não reconheço esse acordo. Tive oito milhões de votos e não vou colocar meu mandato em jogo — argumentou, lembrando que o líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), ameaçava questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) a eventual troca do representante do PT na Mesa Diretora do Senado.

PT decidirá sobre acordo de rodízio nas comissões

Na próxima semana, a bancada do PT tomará posição sobre acordo de rodízio que também teria sido feito quanto ao comando das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Direitos Humanos (CDH). Na CAE, a previsão era que Delcídio Amaral (PT-MS) abrisse mão da presidência em favor de Eduardo Suplicy (PT-SP). E, na CDH, o senador Paulo Paim (PT-RS) deixaria o lugar para Ana Rita (PT-ES). — Isso ainda deverá ser analisado, mas a tendência é que esses acordos também sejam revistos — disse o novo líder do PT no Senado,Walter Pinheiro (BA), eleito ontem pela bancada.