Título: Jacques Wagner garante segurança no carnaval
Autor: Otávio, Chico
Fonte: O Globo, 06/02/2012, O País, p. 3

Governador confia em retorno à normalidade antes da maior festa de Salvador e diz que não concederá anistia

l SALVADOR. Com a aproximação do carnaval, a luz amarela foi acesa ontem no gabinete do governador Jaques Wagner (PT). O deslocamento de efetivos da PM para a capital baiana, pelo planejamento inicial, terá de começar no dia 14. Para garantir a segurança dos foliões, será necessário todo o efetivo de 32 mil homens da polícia baiana, mas parte dele está em greve desde quarta-feira.

Preocupado, Wagner garantiu que a segurança "da maior festa do mundo" está garantida.

Para isso, diz contar com dois aliados: o orgulho do policial baiano, que conseguiu manter os seis quilômetros de rotas dos trios, sem registrar um único homicídio nos últimos quatro anos, e a gratificação prevista para quem trabalhar no carnaval, descrita pelo governador como "quase um 14, salário".

Wagner, que passou a manhã reunido com os principais assessores na sede do governo, a poucos metros da Assembleia Legislativa baiana ocupada, disse que a segurança do carnaval baiano é "a maior operação militar fora do tempo de guerra", razão pela qual o governo vai investir R$ 30 milhões nela.

Ele disse confiar plenamente que os profissionais da polícia não se negarão a atender ao chamado nesse momento. Muitos, lotados no interior, terão que se deslocar para a capital a partir do dia 14.

O governador acrescentou que uma cartilha, arrecadada pelo serviço de inteligência da polícia baiana, comprova que líderes da paralisação estão envolvidos nos atos de violência, sabotagem e vandalismo que atingiram toda a cidade e a Região Metropolitana logo após o início da greve. Wagner afirmou que a cartilha é nacional e é seguida por movimentos de outros estados: — O passo a passo está lá. Morte de um morador de rua, incêndio de ônibus e outros episódios não têm a ver com a criminalidade do dia a dia. No Ceará, foi igual.

O governador garantiu ainda que está disposto a retomar o diálogo, mas estabeleceu como condição a volta à normalidade.

Disse que também não abre mão de punir os responsáveis pelos ataques, razão pela qual voltou a descartar qualquer possibilidade de conceder anistia.

— Quero separar a PM de um pedaço que é formado por marginais. O que está liderando aqui é bandido.

Botar criança...

— questionou, referindo- se à presença de mulheres e filhos dos grevistas no acampamento da Assembleia Legislativa.

O governador afirmou que considerou estranho que o comando da greve tenha listado a anistia como primeiro item da pauta de reivindicações, protocolada na sede do governo no dia em que a greve começou. A seu ver, os líderes pareciam querer um salvo-conduto para a escalada de ataques que começaria em seguida, na quinta-feira.

Wagner disse que não vê como atender às reivindicações salariais, já que afirma ter concedido em janeiro 65% de reajuste para todo o funcionalismo estadual, além da modernização de armamentos e a compra de viaturas para a Polícia Militar. n