Título: PT atende Lula e elege Jilmar Tatto
Autor: Braga, Isabel; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 08/02/2012, O País, p. 9

Escolha do líder na Câmara foi em troca de apoio a Haddad em São Paulo

BRASÍLIA. O PT continua pagando a conta da candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, patrocinada pelo expresidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com o pedido expresso de Lula, a bancada de 89 deputados petistas elegeu ontem o paulista Jilmar Tatto seu novo líder na Câmara, e, com isso, o ex-presidente sela o apoio do grupo de Tatto à campanha de Haddad. Em nome da unidade, José Guimarães (PT-CE), que disputava com Tatto, aceitou o acordo proposto de liderar a bancada em 2013.

De uma tendência pequena do partido, PT de Lutas e Massas, Tatto é ligado à ex-prefeita e hoje senadora Marta Suplicy.

Na disputa pela bancada, contou com o apoio do grupo que integra e que elegeu Marco Maia (RS) presidente da Câmara, derrotando, na ocasião, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Desta vez, o grupo de Vaccarezza estava com Guimarães e cedeu, diante do apelo de Lula.

Na segunda-feira, Lula telefonou para Guimarães, e Vacarezza falou com José Genoino — irmão de Guimarães — e com o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (SP).

Lula fez um apelo enfático: disse que era fundamental para a sucessão em São Paulo o envolvimento de Tatto na campanha de Haddad. E que, para que isso acontecesse, Tatto precisaria ser compensado.

Na semana passada, Lula já tinha feito o mesmo quando interferiu na bancada petista no Senado e conseguiu derrubar um acordo anterior e manteve Marta Suplicy na vice-presidência da Casa. Marta e Tatto retiraram suas pré-candidaturas à prefeitura de São Paulo, o que favoreceu a escolha de Haddad.

Também pesou na movimentação de Lula a possibilidade de que a escolha de Guimarães como líder agora pudesse causar um ambiente negativo para o PT no ano do julgamento do Mensalão pelo STF — e ano de eleição. No auge do escândalo, um assessor de Guimarães foi preso num aeroporto em São Paulo com dólares na cueca.

Guimarães diz que não foi essa a razão. Afirmou que tinha os votos de 45 dos 89 deputados petistas — dado confirmando por André Vargas no twitter —, mas abriu mão para atender ao pedido de Lula, e em nome da unidade na eleição paulistana.

— O projeto de São Paulo é um projeto nacional. A quebra da unidade poderia comprometer isso. A gente pode ganhar em outras cidades, mas derrotados em São Paulo, perdemos nacionalmente — disse Guimarães. n