Título: No Rio, 229 mil fora das salas de aula
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 08/02/2012, O País, p. 3

O relatório De Olho nas Metas 2011, divulgado ontem pelo Todos pela Educação, mostrou que o Estado do Rio ainda não conseguiu cumprir a Meta 1: toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola. Segundo o relatório, 229.488 crianças e jovens dessa faixa etária estão fora das salas de aula. A taxa de atendimento no estado, no ano passado, foi de 93,2%. A meta para 2011 era de 95,5%. Secretario de Educação do Estado do Rio, Wilson Risolia reconhece que o número de crianças e jovens fora da escola é "muito alto": — É um número muito alto. Ter uma criança fora da escola já é um número alto, mais de 200 mil então... É fundamental recuperar essas crianças e jovens e levá-las para a escola. Essa realidade precisa ser enfrentada.

Segundo Risolia, em 2010, a rede estadual fez um diagnóstico dos estudantes matriculados e viu que o índice de reprovação era o maior do Brasil e que os índices de evasão e distorção idade- série eram muito elevados: — Quando você reprova, estimula o abandono. Além disso, tínhamos turma com alunos entre 15 e 75 anos. Então, para evitar a distorção idade-série, começamos a corrigir o fluxo escolar, criamos reforço escolar para que eles não abandonassem e também fizemos pesquisa para entender as expectativas do jovem em relação ao ensino médio.

Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara acredita que é preciso saber quem são as crianças e os adolescentes que não estão na escola: — Elas estão no campo, são indígenas, têm alguma deficiência, são muito pobres? A violência as afasta? Para garantir o acesso, o poder público tem que conhecêlas.

E tem que haver política pública que permita que estudem.

Para Risolia, é mais fácil traçar esse perfil no interior, onde visitadores vão até quilombolas e indígenas.

Na capital, desde a pacificação de comunidades, já foi possível observar o "fenômeno da volta para a sala de aula": — Em algumas áreas, percebemos o retorno do jovem. Mas temos mesmo que identificar, buscar e estimular todos os que não estão na escola.