Título: FMI: economia chinesa pode cair à metade
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Fonte: O Globo, 07/02/2012, Economia, p. 27
Fundo alerta que PIB do gigante asiático poderá ser afetado numa recessão provocada pela crise na zona do euro
PEQUIM. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que o crescimento econômico da China poderá recuar este ano em até quatro pontos percentuais, caso a crise da dívida na zona do euro arraste a economia mundial para uma recessão. A entidade exortou Pequim a adotar medidas "significativas" para estimular a expansão de sua economia e reviu para baixo sua projeção de crescimento da China de 9% para 8,2%.
O relatório "China Economic Outlook", divulgado ontem, revelou que esse número poderá cair à metade, se a situação piorar na Europa. "No evento infeliz de tal cenário negativo se tornar realidade, a China deveria reagir com um pacote fiscal significativo, executado pelos orçamentos dos governos central e locais", sugeriu o FMI no seu documento.
Entre as medidas de estímulo possíveis, estão cortes de impostos sobre consumo; subsídios para consumidores; incentivos às empresas para que invistam mais e contratem; estímulos fiscais e tributários para pequenas empresas.
O Fundo sugere ainda um maior investimento do governo na rede de proteção social, com medidas como a construção de imóveis de baixo custo. A instituição sugere um teto de 3% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) para os estímulos fiscais.
Economistas ouvidos pela agência de notícias Reuters em janeiro previram que a economia chinesa crescerá 8,4% este ano, ante a expansão de 9,2% em 2011.
A inflação menor, no entanto, poderá permitir ao Banco Central (BC) chinês afinar sua política para apoiar o crescimento, por meio de operações no mercado aberto nas próximas semanas, disse o FMI em seu relatório. O Fundo acrescentou que a autoridade monetária do país poderá ainda reduzir os requisitos de reservas dos bancos, caso o ingresso de capital continue fraco. Em novembro, o BC chinês já havia anunciado o corte do montante de capital que os bancos devem deixar como reservas. Esperam-se novas reduções nos próximos meses.
O relatório do FMI amplia as previsões já sombrias do mês passado, quando previu que o mundo poderá mergulhar em nova recessão, caso a crise financeira europeia se aprofunde. Na semana passada, o premier chinês, Wen Jiabao, disse que o país ajustará suas políticas para enfrentar os riscos da Europa.