Título: Sindicância vai investigar relação de servidor do TRT-RJ com empresa
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 07/02/2012, O País, p. 10

Advogado diz que cliente está "muito abalado" e vai falar semana que vem

O advogado Ricardo Cerqueira disse ontem que seu cliente, o servidor do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) Rogério Figueiredo Vieira, está "muito abalado" com a repercussão do caso envolvendo seu nome. Rogério aparece como responsável pelas 16 operações atípicas, de um total de R$ 282,9 milhões, detectadas pelo Controle de Atividades Financeiras Financeira (Coaf), em 2002.

— Ele está muito abalado. Vamos dar um tempinho para ele se reestruturar. São coisas demais em cima dele, muitas que não procedem. Não é fácil — afirmou o advogado, lembrando que o cliente vai se pronunciar na semana que vem.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando Rogério. O servidor seria o dono da MixTrade, empresa de informática com sede no Espírito Santo. De acordo com Cerqueira, as movimentações foram feitas justamente por meio da empresa, segundo ele, desativada também em 2002.

— O que teve foram as operações da empresa, que trabalha com comércio de exportação, entre 2001 e 2002. Não foi nada do tribunal — disse.

A presidente do tribunal, Maria de Lourdes Sallaberry, assinou ontem a abertura de uma sindicância para investigar a relação de Rogério com a Mix- Trade. A participação de funcionários públicos na gestão de empresas privadas direta ou indiretamente é proibida pela lei que regulamenta o trabalho dos servidores. Se for comprovada a participação, ele poderá ser demitido.

Rogério está lotado na Seção de Protocolo do TRT-RJ, no Centro. Ontem, o servidor não foi trabalhar novamente. Na sexta-feira, ele também não compareceu ao local. Cerqueira alegou problemas de saúde do seu cliente pelas faltas, embora o tribunal não tenha recebido um atestado médico.

Rogério ingressou no TRT-RJ em 1993 como técnico judiciário na gestão do desembargador José Maria de Mello Porto.

Em 1994, o servidor ficou lotado no gabinete da presidência.

À época, ele também foi coordenador de Despesas e de integrante na Comissão de Licitação do tribunal. Em 1998, Rogério foi cedido à Câmara dos Deputados e trabalhou com os ex-parlamentares Jorge Wilson e Carlos Rodrigues, o ex- Bispo Rodrigues. Em 2004, o servidor foi preso acusado de participar de um esquema de corrupção no Paraná.