Título: Sartori teme que CNJ cometa excessos
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 07/02/2012, O País, p. 10

Presidente do TJ-SP diz que não admite "que se lance pecha sobre toda categoria"

SÃO PAULO. O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, afirmou ontem que não vai aceitar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) "lance pecha sobre todos os integrantes do Judiciário" por ter readquirido o poder de investigar livremente os magistrados devido à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada.

— Não vou admitir em hipótese alguma que se lance uma pecha sobre toda uma categoria, como aconteceu aqui em São Paulo. E nada foi provado contra nenhum desembargador aqui — disse Sartori, após a cerimônia de posse solene da direção do TJ de São Paulo.

O presidente do tribunal paulista referiu-se à divulgação pelo CNJ de que integrantes do Judiciário do estado foram identificados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) realizando movimentações financeiras suspeitas.

— Nem um nome foi dado, nenhum processo foi mandado.

Pedi processos, pedi os nomes e nenhum processo foi mandado — insistiu Sartori.

O presidente do STF, Cezar Peluso, e o o ministro da corte, Ricardo Lewandowski, participaram da cerimônia de ontem, mas não discursaram nem deram entrevista.

Apesar de afirmar que vê a decisão "com otimismo" e como vitória da democracia, Sartori declarou temer que o CNJ cometa excessos: — Vamos aguardar, eu preciso ver porque é muita responsabilidade (dada ao conselho).

Corregedorias deveriam investigar primeiro O presidente do TJ paulista defendia que o órgão só atuasse depois que houvesse investigação por parte das corregedorias dos tribunais locais: — Vamos aguardar como o CNJ tratará a magistratura.

Sartori também acredita que o conselho não tem condições de apurar todas as denúncias envolvendo juízes pelo país.

—Acho que se o CNJ resolver abarcar todos os processos, não tem estrutura para isso.

Se pinçar algum processo, a bem da democracia, deveria fundamentar (os motivos) — observou.

O presidente do TJ de São Paulo acredita que o CNJ deveria se empenhar na busca por melhores condições de trabalho para os tribunais e tratar de questões como o aumento de orçamento.

— Queremos que o CNJ seja foi forte. Queremos, inclusive, que a função principal do CNJ seja justamente reestruturar a Justiça do Brasil.