Título: Recorde de emprego nos EUA
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Fonte: O Globo, 04/02/2012, Economia, p. 25

Criação de 243 mil vagas em janeiro anima mercados mundo afora

Rick Bowmer/AP

TURBULÊNCIA GLOBAL

Os Estados Unidos mostraram mais um sinal ontem da recuperação de sua economia: janeiro registrou a maior geração de empregos dos últimos nove meses, e a taxa de desemprego recuou de 8,5% para 8,3%, o menor patamar desde fevereiro de 2009. O indicador trouxe a expectativa de que o crescimento do último trimestre tenha se prolongado neste início de ano, o que puxou os mercados internacionais.

Os números do mercado de trabalho fizeram as bolsas pelo mundo fecharem em alta. Em Nova York, o índice Dow Jones avançou 1,23%, aos 12.862 pontos, o maior patamar desde maio de 2008. Na bolsa eletrônica Nasdaq, a alta foi de 1,61%, com o índice atingindo 2.905 pontos, maior nível desde dezembro de 2000. O S&P subiu 1,46%. Na Europa, avançaram Londres (1,81%), Paris (1,52%) e Frankfurt (1,67%).

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), avançou 0,97%, a 65.217 pontos. No maior nível desde 2 de maio, o Ibovespa já acumula alta de 14,91% no ano. Em dólares, o avanço está em 24,64% - a maior valorização entre as principais bolsas do mundo acompanhadas pela agência Bloomberg News.

Analista: índice é o último a melhorar

Segundo o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, os expressivos valores negociados nos últimos pregões - ontem foram R$ 7,9 bilhões - indicam continuidade no movimento de entrada de estrangeiros. Contribuem para isso, destaca Rossono Oltramari, analista-chefe da corretora XP Investimentos, a recuperação na economia americana, o ritmo do crescimento da China e a forte liquidez internacional.

- O apetite por ativos brasileiros é grande - diz Oltramari, para quem a situação da Europa ainda é complicada e haverá volatilidade. - As bolsas poderão continuar subindo, mas não necessariamente em movimento contínuo.

O governo americano informou que foram abertas 243 mil vagas no mês passado, o maior nível desde abril. Economistas projetavam um aumento de apenas 150 mil vagas e que o índice de desemprego ficasse estável em 8,5%. Desde agosto, o índice acumula queda de 0,8 ponto percentual. O número de pessoas desempregadas recuou para 12,8 milhões.

A melhora dos níveis de emprego foi generalizada, com até os setores de transporte e armazenagem abrindo vagas. O setor privado abriu 257 mil postos de trabalho, o maior nível desde abril, enquanto o governo fechou 14 mil vagas. O setor de construção abriu 21 mil vagas, e a indústria, 50 mil.

O tom positivo ainda foi fortalecido pela revisão dos dados de novembro e dezembro, que mostraram a criação de 60 mil empregos a mais que o calculado inicialmente. Além disso, o salário médio por hora subiu em quatro centavos, o que pode ajudar a estimular o consumo.

Na avaliação do economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, os dados de emprego nos EUA "mais que surpreenderam". Ele ressaltou que o emprego é o primeiro indicador a cair em momentos de crise e o último a melhorar nas recuperações. Ou seja, o dado mostra que a recuperação americana é consistente.

- Não é que tudo está uma maravilha, mas há outros indicadores que mostram melhora da atividade - diz Perfeito, citando o dado de encomendas à indústria, divulgado ontem, de alta de 1,1% em dezembro.

A melhora do mercado de trabalho pode ajudar o presidente Barack Obama na luta pela reeleição. Ele elogiou os dados e ressaltou:

- A recuperação está se acelerando, e temos de fazer tudo em nosso poder para manter as coisas caminhando". (Vinícius Neder, com agências internacionais)