Título: Banqueiro admite mudança de nome
Autor: Carvalho, Cleide; Clarice Spitz
Fonte: O Globo, 09/02/2012, Economia, p. 27

Escândalos na gestão anterior são um peso à marca PanAmericano

SÃO PAULO. O BTG Pactual, que divide hoje com a Caixa Econômica Federal a gestão do PanAmericano, está analisando a possibilidade de mudar o nome da instituição. O presidente do BTG, André Esteves, admitiu ontem que os escândalos envolvendo a gestão anterior do banco em princípio são um peso à marca. Mas, segundo ele, também não se pode negar o reconhecimento que a marca ganhou entre os consumidores ao longo dos anos em que teve como garotopropaganda o empresário e apresentador Silvio Santos, que criou o PanAmericano em 1990. — É uma situação curiosa. Houve uma agenda tumultuada atrelada ao nome do PanAmericano, pouco construtiva. Mas, por outro lado, o nome tem um "brand recognition" lá na ponta, o cliente entende o que é o PanAmericano, o Silvio Santos falou durante 20 anos no nome do banco na televisão — disse. Olhando do ponto de vista do BTG Pactual, ponderou Esteves — que assumiu o PanAmericano em março de 2011, depois de uma avalanche de denúncias de desvios da gestão anterior e de descobertas sucessivas de novos rombos, que totalizaram R$ 4,3 bilhões —, o natural seria trocar a marca da instituição. — Então, parece fácil para nós aqui que vivemos apenas um lado, acompanhando os fatos, o tumulto do passado mais recente, (trocar a marca) parece muito óbvia. Agora não é uma decisão tão simples. Por isso, não tem nome novo, mas existe essa discussão. Em meio às dúvidas que cercam a manutenção da marca criada por Silvio Santos, Esteves reconheceu ainda que a tarefa de recolocar os negócios do banco nos trilhos está sendo trabalhosa. — Estamos lá trabalhando todos os dias, 24 horas por dia. Temos que ali fazer um processo de "turn around", de arrumar a operação — afirmou o banqueiro. Ele lembrou o aumento de capital feito no início do ano, de R$ 1,8 bilhão, e a compra da Brazilian Mortgage, de financiamento imobiliário, que fez parte de um processo de definição de áreas prioritárias de atuação do banco. — No fundo, nós consertamos a estrutura de capital, tornamos a operação eficiente e focamos o banco em seguros, crédito ao consumidor(consumer finance), financiamentos imobiliários e a pequenas e médias empresas — explicou. Apesar do potencial das novas frentes de negócios abertas para a instituição, principalmente no crédito imobiliário, Esteves vê um caminho ainda relativamente longo para o fim da reestruturação do banco. — Claro que ali dá trabalho. Mas eu diria que a gente está do meio para a frente, na arrumação da casa.