Título: Governo da Bahia faz ressalvas a general
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 10/02/2012, O País, p. 13

Atitude branda do comandante da operação teria causado retrocesso na negociação com grevistas

BRASÍLIA. A expectativa inicial no Palácio do Planalto era que a greve da PM na Bahia fosse resolvida na terça-feira. Relatos repassados pelo Palácio de Ondina atribuíram ao general Gonçalves Dias o retrocesso nas negociações. A confraternização com o bolo de aniversário e mesmo uma negociação mais branda por parte do general enfraqueceram a posição do governo junto aos policiais militares, avaliaram interlocutores do governador Jaques Wagner. Só na quarta-feira, depois de uma espécie de intervenção branca, com a chegada em Salvador do chefe do Comando Militar do Nordeste, general Odilson Sampaio Benzi, mudou a atitude no comando da operação. Por determinação do general Benzi, houve um endurecimento nas negociações: a energia da Assembleia Legislativa — onde estavam os grevistas — foi cortada, a entrada e saída de grevistas foram proibidas, e também foi negado o fornecimento de novos mantimentos. Mesmo assim, o general Gonçalves Dias foi mantido oficialmente no comando da operação, mas com uma supervisão direta do seu superior. Essa mudança foi bem recebida em Ondina. A constatação do governo baiano é que, se o endurecimento tivesse ocorrido no domingo, a greve teria terminado no início da semana. Na negociação, Jaques Wagner usou sua experiência de sindicalista para não ceder às pressões.