Título: Justiça decreta prisão de líder grevista
Autor: Damasceno, Natanael
Fonte: O Globo, 10/02/2012, O País, p. 4

Cabo do Corpo de Bombeiros do Rio é acusado de incitar motim

A Justiça Militar decretou, no início da noite de ontem, a prisão preventiva do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, preso desde a noite de anteontem sob a acusação de incitamento à greve e aliciamento para motim. O militar, uma dos líderes do movimento grevista dos bombeiros fluminenses ocorrido no ano passado, estava na Bahia e foi detido ao desembarcar no Rio de Janeiro. Ele foi levado ao Quartel General do Corpo de Bombeiros e, em seguida, foi transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu. De acordo com a assessoria da corporação, a medida foi tomada para evitar uma tentativa de invasão ao QG como a que aconteceu no ano passado. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio, a representação da corregedoria geral da corporação contra Daciolo recebeu um parecer favorável do Ministério Público. Com isso, o militar, ficará à disposição da Justiça por tempo indeterminado. O bombeiro teve a prisão administrativa decretada depois da divulgação de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça que o mostram conversando com a deputada estadual Janira Rocha (PSOL) sobre estratégias para a realização de atos grevistas no estado. Em entrevista coletiva, ontem à tarde, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, falou sobre o pedido de prisão ontem à tarde: — Fomos surpreendidos pela revelação das gravações e fizemos a prisão provisória pela gravidade dos fatos. Mas já encaminhamos ao Ministério Público Militar e à Justiça Militar o pedido de prisão preventiva, e o cabo vai ficar preso à disposição da Justiça, para responder por crimes militares, que são incitamento à greve e aliciamento para motim — afirmou. Entre 2007 e 2010, Daciolo trabalhou na Assebleia Legislativa, lotado no gabinete da ex-deputada estadual Beatriz Santos, do PRB, na época aliada do ex-governador e hoje deputado federal Anthony Garotinho (PR). A deputada não conseguiu se reeleger e, em fevereiro de 2011, Daciolo foi exonerado. Semanas depois, foi preso por estar entre os líderes do movimento do corpo de bombeiros que ocupou o QG da corporação.