Título: Inflação de janeiro sobe para 0,56%
Autor: Beck, Marcio; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 11/02/2012, Economia, p. 31

Nova estrutura do índice não teve impacto significativo no resultado do IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,56% em janeiro, na primeira medição segundo a nova estrutura de pesos baseada na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009. Os alimentos e transportes foram as principais influências para o índice, que acelerou em relação aos 0,50% de dezembro. Para especialistas, o novo perfil de consumo das famílias usado pelo IBGE não teve impacto significativo no índice, que ficou dentro do esperado pelo mercado. Em 12 meses, a taxa está em 6,22%, abaixo dos 6,5% até dezembro, mas acima da meta do governo de 4,5%.

Mesmo sendo a principal contribuição para a taxa de 0,56%, os preços dos alimentos subiram menos em janeiro, passaram de 1,23% em dezembro para 0,86% no mês passado. O clima foi a principal influência, com movimentos distintos. Segundo a gerente da pesquisa, Eulina Nunes dos Santos, no Sul a seca fez os pecuaristas ampliarem o abate, resultando na redução de 5,44% nos preços das carnes. Também ficaram mais baratos açúcar refinado (-0,75%), açúcar cristal (-1,23%) e pão francês (-0,30%). As chuvas no Sudeste, por sua vez, prejudicaram a colheita de cenoura (11,29%), tomate (8,09%) e hortaliças (4,56%).

- Já os preços dos transportes avançaram 2,54%, em razão dos reajustes nos ônibus urbanos no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Recife, aliados às passagens aéreas (10,61%), que ainda sofrem o efeito férias, assim como os hotéis (4,01%).

Em fevereiro, a expectativa é que o índice permaneça em torno de 0,50%, prevê a economista-chefe da Icap, Inês Filipa, e analistas da LCA Consultores. O economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-RJ, concorda com a previsão e diz que, apesar do aumento esperado na educação, devido aos reajustes das escolas particulares, é esperada alta menor no grupo alimentação.

- O número não assusta, nem afeta o cenário apontado pelo Banco Central (BC) - afirmou Cunha.

Eduardo Velho, economista da Prosper Corretora, a inflação deve recuar ao longo do ano, diante das coletas de preços da Fundação Getulio Vargas que já captam deflações em alguns alimentos. Para o economista, o resultado não muda a estratégia do BC de cortar juros. Ele prevê que a taxa básica, a Selic, chegue a 9,25%, com dois cortes de 0,5% e outro de 0,25%:

- A inflação deve ceder. Este mês, o IPCA deve ser de 0,48%. Câmbio favorável, menor demanda interna e crise internacional explicam o índice este ano.

Na nova estrutura de gastos, ganhou peso o carro próprio. O publicitário Eduardo Moncal comprou o dele há seis meses.

- Tornou-se necessário, por causa da profissão, mas usei as economias que tinha.