Título: Líderes gregos defendem o pacote de cortes
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Fonte: O Globo, 12/02/2012, Economia, p. 47
Parlamento pode votar hoje e ex-premier alerta para catástrofe
ATENAS e MADRI. Na expectativa pela votação hoje, no Parlamento grego, de um novo pacote de medidas que ampliam os cortes fiscais, líderes da Grécia defenderam ontem que esta é a única alternativa para o país. O premier Lucas Papademos disse que os gregos podem enfrentar um colapso em seus padrões de vida, incluindo a falta de combustíveis e medicamentos, se os parlamentares rejeitarem o acordo fechado na última sexta-feira.
O socialista e ex-premier George Papandreou alertou para o risco de uma catástrofe no caso de um fracasso na aprovação do pacote, enquanto o líder conservador Antonis Samaras - que já foi contra a proposta - ameaçou expulsar de sua base os deputados que se opuserem ao pacote.
O novo conjunto de medidas é necessário para garantir que a Grécia receba o segundo pacote de ajuda de 130 bilhões da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
- Este acordo vai decidir o futuro do país. Estamos apenas um suspiro longe de uma explosão. Uma moratória desordenada levaria o país para uma aventura desastrosa. O padrão de vida entraria em colapso e isso levaria, mais cedo ou mais tarde, a uma saída do euro - afirmou Papademos, em pronunciamento transmitido pela televisão.
Na opinião de Papandreou, a aprovação do pacote é o caminho. Segundo ele, o fracasso pode levar a graves consequências imprevisíveis.
- Se nos atrevermos, viveremos uma catástrofe -, disse, ao afirmar que defende a austeridade fiscal que lhe custou o cargo e alguns amigos.
Protestos contra reforma trabalhista na Espanha
Na avaliação de Samaras, que se opôs ao primeiro plano de resgate de 110 milhões negociado por Papandreou como primeiro-ministro em maio de 2010, por considerar que agravaria a crise e a recessão, o pacote dará ao país a oportunidade e o tempo necessários para se recuperar.
A coalizão do premier Papademos tem ampla maioria no Parlamento, o que deve permitir a aprovação da proposta, que prevê uma redução de 3,3 bilhões em gastos. Alguns legisladores dos partidos da base do governo alertaram que podem votar contra. Para barrar a aprovação do pacote, no entanto, seria necessária a adesão de mais de 80 deputados. Seis ministros já renunciaram por discordarem dos cortes fiscais.
Ontem, milhares protestaram em Atenas no segundo dia de greve geral. Já em Madri nove pessoas foram presas em protestos contra a reforma trabalhista aprovada para flexibilizar o mercado de trabalho. O governo cortou indenizações por demissões injustificadas e reduziu os direitos de negociações coletivas.