Título: General de Lula se deu mal na era Dilma
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 12/02/2012, O País, p. 10

Gdias quebrou o protocolo ao aceitar homenagem de PMs em greve na Bahia e sentiu como é amargo o gosto da reprovação

• Quando era chefe da segurança de Luiz Inácio Lula da Silva, o general Gonçalves Dias padecia de preocupação toda vez que o então presidente da República ignorava o protocolo para ir aos braços do povo, correndo riscos. Na terça-feira passada, o oficial cometeu o mesmo erro. Achou que, como o ex-chefe, sairia incólume dos braços dos grevistas da PM baiana, de quem aceitou um bolo de aniversário. Não sofreu um arranhão, pode eventualmente ter angariado simpatia entre os manifestantes, mas o seu prestígio na caserna ficou menor depois do episódio.

Por mais que o Comando do Exército tenha dito que o oficial não fora destituído da missão, rechaçando as notícias sobre o assunto, GDias, como é conhecido desde os tempos de Lula, sabe que a chegada de um oficial superior à área de operações, para supervisionar o trabalho in loco, é sinal de reprovação. A vitória no cerco à Assembleia Legislativa, com a rendição dos PMs grevistas, deixou-lhe um gosto amargo.

No briefing matinal de sexta-feira, na 6ª Região Militar, comandada por ele em Salvador, era visível a sua contrariedade. Gonçalves Dias foi a "sombra" do ex-presidente em seus dois mandatos presidenciais. Como chefe da segurança do Palácio do Planalto, acompanhava Lula em todos os deslocamentos, de compromissos oficiais a programas mais amenos, como pescaria.

Assessores de GDias disseram que o general se irritou ao ter de dividir o tempo, na quarta-feira, entre as providências para apertar o cerco aos grevistas ainda sitiados na assembleia e as inúmeras ligações telefônicas que recebeu dos colegas de farda, assustados com as notícias de sua substituição.