Título: Economia grega encolhe 7% no trimestre
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Fonte: O Globo, 15/02/2012, Economia, p. 25

Estimativas apontam retração de 6,8% no país em 2011. Portugal registra queda de 1,3% no fim do ano

Louisa Gouliamaki/AFP

ATENAS, LISBOA e BRUXELAS. A economia grega, que enfrenta seu quinto ano de recessão, encolheu 7% no quarto trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior, informou ontem o governo. Para o ano de 2011 como um todo, as projeções eram de uma retração de 5,5%, agora revista para em torno de 6%. Para 2012, o governo prevê uma contração de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Cálculos efetuados pela agência de notícias Bloomberg News, no entanto, apontam uma queda de 6,8% no PIB grego no ano passado.

- Pressões recessivas se intensificaram, com o impacto das novas medidas de austeridade sendo aumentado pela elevada incerteza sobre as perspectivas para o país - disse à Bloomberg Nicholas Magginas, economista do Banco Nacional da Grécia.

A situação grega será o tema de uma teleconferência, hoje, do Eurogrupo, formado pelos ministros de Finanças da zona do euro. O anúncio da teleconferência repertiu mal nos mercados, pois esperava-se uma reunião formal em Bruxelas. O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, disse que isso se deve ao fato de ainda faltarem alguns detalhes técnicos, como de onde sairão os cortes adicionais de 325 milhões.

- Além disso, não recebi as garantias políticas exigidas pelos líderes dos partidos da coalizão sobre a implementação do programa - afirmou.

Um dos cortes já aprovados pelo Parlamento grego afeta a distribuição de medicamentos à população. O valor da medida, até o fim de 2014, é de 1 bilhão, segundo a Bloomberg.

Comissão Europeia coloca 12 países em supervisão

Outro país da zona do euro que amarga uma recessão é Portugal, que viu seu PIB recuar 1,3% no quarto trimestre frente aos três meses anteriores, quando houve retração de 0,6%, informou ontem o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Em relação ao quarto trimestre de 2010, a queda foi de 2,7%. O país enfrenta sua pior recessão desde os anos 1970.

Como muitas das medidas de austeridade exigidas por União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) entraram em vigor no mês passado, seu impacto ainda não foi sentido na economia. Os dados divulgados ontem mostram que, no ano passado, a economia encolheu 1,6%, depois de ter registrado expansão de 1,4% em 2010. Para 2012, o governo projeta uma retração de 3%.

O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou na noite de segunda-feira que a Europa está mais bem preparada para um calote grego que há dois anos.

- Queremos fazer de tudo para ajudar a Grécia a controlar essa crise - disse Schäuble em entrevista à rede alemã ZDF. - Mas, se tudo falhar, estamos mais bem preparados que há dois anos.

A Comissão Europeia informou ontem que analisará com atenção a situação de 12 Estados-membros por desequilíbrios macroeconômicos que, se não forem corrigidos, acarretarão multas. Segundo o comissário de Assuntos Econômicos da UE, Olli Rehn, as condições macroeconômicas de Espanha, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Finlândia, França, Itália, Hungria, Eslovênia, Suécia e o Reino Unido requerem uma profunda investigação.

Grécia, Irlanda, Portugal e Romênia não foram incluídos no grupo porque, como receberam ajuda financeira da UE e do FMI, já estão sujeitos a uma supervisão reforçada.