Título: Caso Eloá: advogada de defesa diz que juíza deveria voltar a estudar
Autor: Voitch, Guilherme
Fonte: O Globo, 15/02/2012, O País, p. 13

No 2 dia do julgamento, mãe da vítima não foi ouvida como testemunha

Guilherme Voitch, Jaqueline Falcão e Leonardo Guandeline

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SÃO PAULO. O segundo dia do julgamento de Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008, foi marcado por momentos tensos e muito bate-boca no plenário do Fórum de Santo André, no ABC paulista. Em um dos momentos, a advogada do réu, Ana Lúcia Assad, disse que a juíza Milena Dias "deveria voltar a estudar".

Em uma discussão sobre as atas do processo, ao longo de um dos vários depoimentos de testemunhas ontem, Ana Lúcia questionou a juíza sobre uma aplicação do princípio da "verdade real", que é um princípio do Direito que permite passar por cima de certas formalidades jurídicas, para a reconstrução completa dos fatos. A magistrada afirmou que desconhecia a aplicação e a defensora rebateu dizendo:

- Então, a senhora deveria voltar a estudar.

A promotora Daniela Hashimoto afirmou que a advogada do réu poderia responder por desacato à autoridade pela declaração. Nesse momento, houve exaltação por parte dos presentes ao plenário.

Mais cedo, houve novo tumulto no plenário quando a advogada de Lindemberg desistiu de ouvir a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, arrolada como testemunha de defesa. A medida teria sido uma manobra de Ana Lúcia Assad para tirar a mãe de Eloá da plateia - Ana Cristina foi colocada numa sala secreta ontem para evitar comoção por parte de jurados. Os assistentes da Promotoria afirmaram que gostariam de ouvir a mãe da vítima como testemunha. A juíza chegou aceitar o pedido, mas a advogada de Lindemberg ameaçou abandonar o caso, o que anularia o julgamento. A acusação voltou atrás.

Pela manhã, a mãe de Eloá sentou na cadeira de testemunhas e encarou Lindemberg, que ficou observando o chão ou desviando o olhar. Por volta das 11h15m foi dispensada. Na saída do Fórum, ela disse que não sente que Lindemberg se arrependeu e que sussurrou para ela: "Não fala mal de mim". Abalada, ela afirmou:

- Ele é um assassino.

Um dos depoimentos de ontem foi de Dairse Pereira Lopes, perita que analisou as armas utilizadas no crime. Foram ouvidos ainda, entre outros, os dois irmãos de Eloá.