Título: Morte de jornalista: telefone rastreado
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 15/02/2012, O País, p. 10

ANJ alerta para risco de impunidade diante do segundo assassinato em 2011

CAMPO GRANDE. A Polícia Civil de Ponta Porã vai pedir a quebra do sigilo telefônico do jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues para tentar descobrir alguma pista que possa levar ao esclarecimento do seu assassinato. O jornalista, conhecido como Paulo Rocaro, foi atingido com nove tiros na noite de domingo e morreu no fim da madrugada de anteontem. Rocaro foi um dos fundadores do PT em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul que faz fronteira com o Paraguai. O delegado Odorico Mesquita, que assumiu o caso, ouviu ontem cinco pessoas do círculo de amizade do jornalista, e, nesta quarta-feira, deverá ouvir mais seis pessoas. Ninguém da família de Paulo Rocaro foi ouvido formalmente ainda. A polícia já descartou a possibilidade de crime passional e trabalha com as hipóteses de que o assassinato esteja ligado à atividade profissional ou política da vítima. Segundo o delegado, o fato de Paulo Rocaro fazer críticas a órgãos públicos e pessoas da região nos artigos que publicava no "Jornal da Praça", do qual era editor-chefe, é um ponto considerado nas investigações de que o crime pode ter ligação com a atividade profissional que exercia. Quanto à hipótese de crime político, Odorico Mesquita afirma que Paulo Rocaro era integrante engajado do PT, com influência nas decisões sobre as candidaturas do partido, o que poderia estar atrapalhando interesses de alguma pessoa ou algum grupo. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota em que revela preocupação com o crime. "É o segundo assassinato de jornalista este ano no Brasil, que em 2011 registrou alarmante aumento no número de jornalistas executados. A impunidade é o maior incentivo para que crimes como esses continuem ocorrendo, sejam eles motivados ou não pelas atividades jornalísticas das vítimas", diz a nota, assinada por Francisco Mesquita Neto, vicepresidente da ANJ. A entidade cobrou agilidade na apuração do crime. "A ANJ espera que as autoridades policiais esclareçam rapidamente o assassinato de Paulo Roberto, com o pronto encaminhamento do caso à Justiça e a punição dos culpados."