Título: Contador de Gim Argello está empregado no gabinete do senador
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 15/02/2012, O País, p. 4
Cícero Gomes diz que presta serviços "há mais de 30 anos" e nega irregularidade
BRASÍLIA. O senador Gim Argello (PTB-DF) emprega no gabinete, como assessor, seu contador. Cícero Gomes é sócio da Capcon Contabilidade LTDA e afirma que presta serviços ao senador "há mais de 30 anos". Entre 2009 e 2011, chegou a ficar lotado como motorista da Terceira Secretaria do Senado, enquanto atuava na contabilidade do parlamentar. O contador e a assessoria de Argello negam a existência de irregularidade. Para encontrar o assessor, o melhor lugar é o escritório de contabilidade, em Taguatinga, região administrativa de Brasília. Na última segunda-feira, o GLOBO telefonou ao gabinete às 17h, com o objetivo de conversar com Cícero, mas não o encontrou. De início, a secretária questionou, em tom de surpresa: "Cícero?" Em seguida, lembrou do assessor e disse que ele não estava e que não poderia informar em quais horários ele poderia ser encontrado.
Funcionário recebe R$ 3,2 mil por mês Ontem, a ligação foi para o escritório de contabilidade, às 14h15m. Cícero estava na empresa, segundo relata, fazendo cópias do Imposto de Renda do senador. Disse que "não responde por nada lá" no escritório, tocado pela filha e por outra funcionária, e ressaltou que se "desligou" quando assumiu a vaga no Senado: — Tenho uma empresa de contabilidade, mas eu não faço qualquer tipo de serviço. Não vejo incompatibilidade. Eu não respondo pela empresa. Por lei, sou proibido de assinar documento pela Capcon. Desde quando eu tomei posse, eu me desvinculei da Capcon. Sou sócio cotista. Está declarado do Imposto de Renda e também no Senado — explicou, antes de responder sobre seu horário de trabalho: — Isso é, digamos, muito relapso, tá? Porque eu saio para resolver coisas para ele na rua. Eu não trabalho com horário, eu trabalho a hora que ele precisa. É sábado, domingo... Não tenho horário. Fico à disposição dele, para representá-lo em qualquer lugar. O funcionário do gabinete recebe mensalmente R$ 3,2 mil e está contemplado por um ato da Primeira Secretaria do Senado, que definiu o regime especial de frequência para determinados servidores, que têm o ponto abonado pelo chefe de gabinete dos senadores. Entre os 48 funcionários comissionados de Argello, 35 não precisam bater ponto. — Para mim, se tiver que dispensar funcionário, ele fica aqui. Ele me ajuda na contabilidade da verba indenizatória, na verificação de CNPJ de associações. Consultamos a Primeira Secretaria e não há problemas com a situação dele. Ele me ajuda com bastante responsabilidade. Pelo serviço dele, acho que é mal remunerado em relação ao mercado — afirmou o chefe de gabinete de Argello, Luiz Paulo Costa. n