Título: França investe no país
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2009, Economia, p. 12

Quatro gigantes franceses reforçam presença no Brasil, que está um pouco mais competitivo para receber dinheiro estrangeiro

Loja da Leroy Merlin: Ryckeboer, diretor-geral, afirma que um estabelecimento será aberto em Taguatinga

A crise mundial, que completará um ano em 15 de setembro próximo, quando ruiu o banco americano Lehman Brothers, não afastou os investimentos franceses no Brasil. ¿Pelo contrário, reforçamos a posição no país. Nosso principal projeto, a construção da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, começou em dezembro do ano passado, auge da crise¿, disse o diretor de Desenvolvimento de Negócios da GDF Suez, Gil Maranhão. ¿Somente nesse empreendimento, investiremos R$ 5 bilhões dos R$ 6 bilhões que programamos para o triênio 2009 e 2011¿, acrescentou.

Segundo Maranhão, os desembolsos da empresa no país só não são maiores por falta de projetos, sobretudo para a construção de usinas geradoras de energia de porte médio, com capacidade para produção entre 800 e 1.000 megawatts (MW). ¿O Brasil priorizou os megaprojetos na área hidrelétrica. É uma opção, mas também é preciso oferecer empreendimentos menores. Com certeza, muitas empresas se interessariam em tocar os projetos. É por isso que está sobrando dinheiro no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na área de energia¿, destacou.

Enquanto espera por oportunidades menores, a GDF Suez está analisando a possibilidade de entrar na disputa para a construção da usina de Belo Monte, que terá capacidade de produção de mais de 11 mil megawatts. Quando estiver em andamento, será a maior hidrelétrica do mundo sendo levantada. A audiência pública para viabilizar Belo Monte deve começar neste mês e o leilão de concessão será realizado no fim deste ano ou início de 2010. ¿Estamos muito satisfeitos com o Brasil, onde já somos o maior investidor privado na geração de energia. O país está entre as nossas três prioridades fora da França. As outras duas são os Estados Unidos e a Tailândia¿, frisou Maranhão.

Estratégico

O presidente da Rhodia para a América Latina, Marcos de Marchi, assegurou que nem mesmo a desaceleração econômica do Brasil, que viveu uma breve recessão entre outubro de 2008 e março deste ano, diminuiu o apetite da empresa pelo país. ¿O Brasil é estratégico dentro do nosso faturamento, pois responde por 15% das receitas totais do grupo¿, afirmou. ¿Além da França, Brasil e Coreia do Sul são vistos como prioridade¿, assinalou. Por isso, a gigante da área química manteve intocável o investimento de US$ 50 milhões previsto para este ano, apesar de a indústria ter sido o setor mais castigado pelas turbulências originárias do estouro da bolha imobiliária americana. ¿A crise não atrapalhou em nada os planos da empresa no país¿, reforçou.

No varejo, não foi diferente. Segundo o diretor-geral da Leroy Merlin, Alain Ryckeboer, a companhia manteve firme o cronograma para a abertura de três lojas neste ano, sendo que uma delas, a de Niterói, no Rio de Janeiro, que será inaugurada em outubro, seguiu um modelo novo, por priorizar as questões ambientais. ¿Gastamos nessa loja 8% acima do tradicional. Mas, apenas com a economia nos próximos seis anos com o consumo de energia, recuperaremos todo o investimento¿, disse. Em 2010, serão pelo menos mais dois pontos de venda, um deles em Taguatinga. ¿Estamos seguindo à risca os investimentos deste ano, de R$ 100 milhões¿, enfatizou, lembrando que, na Leroy, as vendas registram alta acima de 10% contra queda média de 10% do mercado.

No Carrefour, com faturamento anual de R$ 14 bilhões, os desembolsos em 2009 baterão em R$ 1 bilhão para a abertura de 70 lojas, a despeito da crise. Entre 2008 e 2010, os investimentos totalizarão R$ 3 bilhões. Em termos de importância para a empresa, o país só está atrás da França e da Espanha.

O número 3 Número de países prioritários para a Rhodia: França, Brasil e Coreia do Sul

Melhor posição

Victor Martins

O Brasil subiu oito posições no ranking da competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral. A nova avaliação posiciona o país no 56º lugar em uma lista de 133 economias e o mais bem colocado se considerado o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). A despeito dessa evolução, no que se referente a bom ambiente para negócios, a economia brasileira, uma das 10 maiores economias mundiais, está atrás do Azerbaijão, Malta e Israel, que convive com conflitos constantes.

Os entraves a um desempenho melhor para são, segundo o relatório, infraestrutura precária, transparência das instituições e qualidade da educação. Também foram avaliados estabilidade e sofisticação do sistema financeiro, itens que garantiram ao Brasil a melhora de posição. ¿Esse resultado confirma consistência macroeconômica e trajetória de melhora¿, ponderou o professor da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, responsável pela divulgação do relatório no Brasil.

Impostos

A carga tributária, em 35,8% do Produto Interno Bruto (PIB), foi criticada no relatório como um inibidor de investimentos tanto para as empresas existentes como um inibidor para a abertura e consolidação de novos negócios. A avaliação é de que a cobrança de tributos é elevada e os recursos arrecadados não são gerenciados de forma adequada, tornando a infraestrutura precária. A qualidade dos portos brasileiros, por exemplo, teve uma das piores avaliações, perdendo para outros seis países.