Título: Mercado vê pressão inflacionária menor, segundo o Banco Central
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 23/02/2012, Economia, p. 22

Pesquisa Focus aponta para uma redução da previsão de 5,29% para 5,24%

BRASÍLIA. A pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com instituições financeiras, divulgada ontem, traz a inflação apontando para baixo em 2012. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - indicador usado oficialmente pelo governo no sistema de metas - passou de 5,29% para 5,24%. Como a temida quebra de safra não veio, apesar da seca no Sul, as pressões sobre a inflação em janeiro foram mais amenas, se comparadas com o começo de anos anteriores, puxando para baixo a estimativa de inflação anual.

- Essa era a principal preocupação para a inflação no Brasil. É um problema superado no curto prazo, mas não dá para garantir que não haverá outro choque durante o ano - disse o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Paulo Picchetti.

Analistas mantêm projeção

de mais dois cortes na Selic

A queda nas expectativas para a inflação também ocorreu nos outros índices pesquisados pela autoridade monetária . A estimativa para o IGP-DI caiu de 4,86% para 4,65%. A aposta para o IGP-M passou de 4,78% para 4,62% e para o IPC-Fipe, de 5,21% para 5,02% neste ano.

Ainda assim, os economistas mantiveram a previsão anterior, de mais dois cortes de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). E uma leve alta no início do ano que vem. Afinal, mesmo com o recuo na estimativa de inflação para 2012, a previsão para o IPCA ainda está acima do centro da meta estabelecida pelo governo para este ano, de 4,5%. Para o ano que vem, os analistas aumentaram a previsão oficial de inflação, de 5% para 5,02%.

Já o mercado financeiro sinaliza com uma queda mais acentuada nos juros básicos. Com os sinais de que o BC testará os juros neutros - aqueles que propiciam o crescimento sem impacto na inflação - e as notícias de que os bancos públicos vão comandar um movimento de queda dos juros, a pedido da presidente Dilma Rousseff, os negócios fechados no mercado de juros futuros tiveram a mínima taxa na semana passada. Essas taxas são um indicativo do que deve acontecer com os juros futuros no país.

A pesquisa do BC aponta também uma queda na relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país). Essa relação, que é o principal indicador da saúde das contas públicas, caiu pela segunda semana seguida, de 36,9% para 36,7%.