Título: No Senado, bate-boca sobre Pinheirinho
Autor: Éboli, Evandro; Barbosa, Givaldo
Fonte: O Globo, 24/02/2012, O País, p. 9

Audiência pública debatia a ação dos policiais por ordem judicial; ex-moradores acompanharam

BRASÍLIA. A Comissão de Direitos Humanos do Senado foi palco ontem de bate-boca entre PT e PSDB. A audiência pública discutiu a ação da Polícia Militar de São Paulo na desocupação do terreno de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em 22 de janeiro. Isolado na defesa do governo de São Paulo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) discutiu com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), com o secretário Nacional de Articulação Nacional (vinculado à Presidência), Paulo Maldos, e com ex-moradores daquela área.

Um grupo de 37 moradores expulsos de Pinheirinho acompanhou a audiência. Autoridades do governo paulista convidadas não compareceram. Para eles, tratava-se de uma ação política do governo federal e do PT. O PSDB queria que fossem discutidas também desocupações no Acre e no Distrito Federal, governados pelo PT, e onde houve recentemente desocupações.

Aloyzio Nunes criticou Suplicy e o governo Dilma Rousseff:

- O que houve em Pinheirinho foi uma lerdeza do governo que vossa excelência apoia. Desde 2004, a situação é delicada em Pinheirinho, e o governo federal nada fez. E o senhor é senador há muito tempo (desde 1991). Havia uma decisão judicial, que tinha que ser cumprida. Claro que havia um ambiente de tensão, criado pelas lideranças dos ocupantes - disse o tucano, vaiado pelos ex-moradores.

Suplicy criticou a falta de um apuração rigorosa sobre o que ocorreu. E Maldos, que levou um tiro de borracha na perna esquerda na ação da PM, disse que houve uma barbárie, repetindo palavra já usada por Dilma sobre o episódio:

- Ali, não existia mais direito algum. Só soberba. Uma barbárie. O policiamento tinha ordem para matar - disse Maldos, após a audiência.