Título: Taxa de desemprego de 5,5% é a menor para janeiro em dez anos
Autor: Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 18/02/2012, Economia, p. 22

Rendimento alcançou o maior valor na década, de R$ 1.672,20, alta de 2,7%

Após um ano de recordes para o mercado de trabalho, a taxa de desemprego no país avançou para 5,5% em janeiro, frente a 4,7% em dezembro, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada ontem pelo IBGE. Apesar da aceleração - que é tradicional neste período, com a dispensa de trabalhadores temporários contratados no fim do ano - esta é a menor taxa para janeiro em dez anos e de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2002. Em janeiro de 2011, a desocupação estava em 6,1%.

A população ocupada, por sua vez, aumentou 2% frente a janeiro de 2011, para 22,513 milhões de pessoas. Na comparação com dezembro, o recuo foi de 220 mil trabalhadores, ou 1%. Uma redução menor do que aconteceu entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando a queda tinha sido de 370 mil pessoas ou 1,6%.

- Houve mais contratação de temporários de dezembro de 2011 para janeiro de 2012 do que foi no ano anterior, acompanhado por aumento na qualidade do emprego e no poder de compra da população - afirmou o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

O rendimento médio real habitual do trabalhador brasileiro atingiu valor recorde de R$ 1.672,20 em janeiro, alta de 0,7% em relação a dezembro e de 2,7% frente a janeiro de 2011. Houve alta em cinco das seis regiões metropolitanas.

Para Anselmo Santos, o ganho de rendimento é ainda mais relevante se lembrarmos que o ano de 2011 foi marcado por inflação mais alta:

- O aumento real dos salários reflete o desempenho geral do mercado de trabalho. E isso depois de um ano com patamar mais alto de inflação, que sempre reduz o rendimento do trabalho - afirma o professor do Instituto de Economia da Unicamp Anselmo Santos.

Segundo Cimar Azeredo, o desempenho mensal foi influenciado por uma alta expressiva de 7,3% no rendimento de Recife, puxado por alta de 23,4% no segmento de outros serviços e de 11,5% na indústria. A região tem peso de 12% no cálculo da rendimento na pesquisa.

- É um resultado isolado que pode ser justificado pela entrada na amostra de alguns trabalhadores com renda mais elevada. Mas é preciso esperar os próximos meses para ver como os salários vão se comportar - disse Azeredo.

Analistas preveem taxa de 5,8% este ano

O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 11,137 milhões, o que representa uma alta de 6,3% em relação a janeiro de 2011.

- Passamos pelo melhor mês de janeiro dos últimos dez anos do ponto de vista do emprego, da formalização do trabalho e do rendimento. O desemprego de 5,5% é menos da metade que a taxa de 11,2% de janeiro de 2003 - destacou Santos, da Unicamp.

Para o economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti, a pesquisa comprova que o mercado de trabalho segue firme. Num levantamento feito pela consultoria que desconta os efeitos sazonais, a taxa de desemprego foi de 5,7% em janeiro, inferior aos 5,8% de dezembro.

- O ano de 2012 começa com um aspecto favorável para o mercado de trabalho - disse Bacciotti.

A expectativa para o desemprego em 2012 é de 5,8%, tanto da Tendências Consultoria quanto da LCA Consultores. Segundo o economista Fabio Romão, da LCA Consultores, a taxa em fevereiro e em março deve se manter inferior ao que foi registrada nesses mesmos meses no ano passado.

- Mas o nível de ocupação deve manter o crescimento em ritmo modesto, refletindo a desaceleração do nível de atividade econômica nesse primeiro trimestre - apontou Romão.

Entre os atividades econômicas, a construção foi o grande destaque em janeiro, com aumento de 8,8% no contingente de trabalhadores frente a janeiro de 2011. No Rio, o aumento foi ainda maior, de 14%. O avanço já pode ter ligação, segundo Azeredo, com as obras para a Copa do Mundo. Outro crescimento expressivo ocorreu no segmento de serviços prestados a empresas, com alta de 6,9% em relação a janeiro de 2011.

Já a massa de rendimento real habitual (soma da renda de todos trabalhadores) caiu 0,5% frente a dezembro, para R$ 37,9 bilhões, mas registrou ganho de 3,6% na comparação com janeiro de 2011.