Título: G-20: sem acordo para ajuda ao FMI
Autor: Martins, Elisa
Fonte: O Globo, 25/02/2012, Economia, p. 25

Países querem que UE defina primeiro as medidas para conter a crise

CIDADE DO MÉXICO. Representantes das 20 maiores potências econômicas não vão definir este fim de semana um acordo para dar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) mais recusos para ajudar os países da zona do euro mergulhados na crise da dívida. Segundo uma autoridade, primeiro é necessário que os líderes europeus façam mais por si próprios. Os ministros de Finanças do G-20 estão reunidos na capital mexicana para discutir o tema. Segundo um representante da comitiva brasileira, o país está disposto a estimular um avanço no debate:

- O debate poderia ser decisivo para criar uma pressão e as condições para que outros países do G-20 também aceitem contribuir - disse a fonte, que falou sob anonimato.

O FMI estima um valor em torno de US$ 600 bilhões, mas a soma exata da reserva que garantiria mais poder de ação à instituição ainda não foi fechada. A falta de apoio de alguns países, além da incerteza sobre a proteção econômica que será adotada pelos países em crise na zona do euro, têm adiado as negociações. A fonte brasileira confirmou, no entanto, a disposição brasileira em contribuir, como aconteceu em 2009.

- Não esperamos uma decisão definitiva agora, mas uma consolidação dos debates - disse a autoridade brasileira. - Antes, a União Europeia precisa decidir o que fazer com o Fundo Europeu, em uma discussão prevista para a próxima semana.

O presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, seguiu na mesma linha e afirmou que é necessário que as autoridades europeias adotem medidas emergenciais, inclusive com a consolidação fiscal do bloco, antes de o G-20 pôr mais dineiro no FMI.

Já Charles Dallara, presidente do Instituto de Finança Internacional (IFF, da sigla em inglês), que representa os banqueiros internacionais, exortou ontem o G-20 a elevar os esforços para promover o crescimento econômico e alertou sobre o risco de um contágio da crise da zona do euro.

Bloco deve discutir criação

de banco multilateral

Outro tema que deve entrar na pauta hoje, durante uma reunião de representantes do Bric (bloco composto por Brasil, Rússia, Índia e China) é a criação de um banco multilateral para financiar projetos em países emergentes. A iniciativa partiria dos próprios países do Bric, que ofereceriam capital ao banco. Não está claro se seria criada uma instituição ou haveria um desmembramento do Banco Mundial.

- A ideia partiu da Índia, mas ainda está menos avançada que a discussão sobre o FMI - afirmou a fonte brasileira.

* Especial para O GLOBO, com agências internacionais