Título: Mantega é contra saída do euro de países em crise
Autor: Martins, Elisa
Fonte: O Globo, 27/02/2012, Economia, p. 19

Ministro defende estímulos a economias para evitar que turbulência se alastre

CIDADE DO MÉXICO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem, em entrevista após o encontro do G-20, no México, que não é a favor da saída de países em colapso da zona do euro. Muitos economistas vêm defendendo que principalmente a Grécia deixe a moeda comum, para reorganizar sua economia.

- Em um momento de crise, ninguém deve sair. Mas é certo que a União Europeia traz uma rigidez cambial para alguns países e que, depois de superada a crise, alguns países poderiam cogitar sair. Só que essa é uma decisão deles - afirmou.

O ministro frisou que é importante que se realizem novos estímulos econômicos para evitar uma expansão ainda maior dos efeitos da crise econômica na zona do euro.

- A Ásia já sente essa retração. Ela ainda não chegou à América Latina, mas poderia chegar. Fortalecer os recursos do Fundo Monetário (o FMI) é uma medida de precaução e, por isso, discutimos a questão de novo estímulos. Além de políticas de consolidação fiscal e das reformas necessárias, é preciso que os países com situação fiscal maior passem a dar estímulos para que a demanda também retorne - disse o ministro.

Mantega afirmou que a recomendação vale para o Brasil, mas principalmente para a Alemanha, que destacou na reunião um aumento da sua demanda interna.

- Os países que dependem muito de exportação têm que estimular o mercado interno. Essa foi uma das recomendações que demos, e houve avanços nesse sentido. O superávit de países mais exportadores, como Índia e China, diminuiu. O Brasil também está colaborando, com a manutenção da demanda em nível elevado - contou.

O ministro brasileiro também destacou que os países muito endividados e com problemas fiscais graves não têm condições de levar a cabo programas de estímulo, porque necessitam ajustes severos. Mas os países mais fortes, diz, têm condições de estimular demanda e avançar em um programa de investimentos.

- Estamos nessa direção no Brasil. Em 2012, vamos ser dos poucos países em que a economia vai crescer mais do que em 2011 porque fomentamos investimentos e temos uma margem de política monetária que muitos europeus já esgotaram. (Elisa Martins)