Título: Heróis brasileiros
Autor: Baima, Cesar
Fonte: O Globo, 29/02/2012, O País, p. 12

Dilma elogia e condecora militares que morreram na Antártica

RECIFE e RIO. Ao falar sobre o incêndio na Estação Comandante Ferraz, ontem, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil é um país formado de "heróis anônimos" e confirmou que a base do país na Antártica será reconstruída. Dilma reconheceu que a estação precisava de obras modernizadoras.

- Nós vamos reconstruir (a estação). As condições sobre como vamos fazer dependem dos técnicos, que vão dizer qual é hoje a melhor forma. Eles já queriam fazer algumas modernizações. Não tinham feito, porque lá já tinha toda uma instalação. Mas acho que, além das instalações físicas (destruídas), o mais grave é que se perderam vidas - acrescentou Dilma, ao se referir ao primeiro sargento Roberto Lopes dos Santos e ao suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, que morreram tentando debelar o fogo. Ela elogiou o heroísmo dos militares:

- Para o Brasil, o momento é de perda, e também o momento em que todos nós percebemos que esse é um país formado de heróis anônimos, por pessoas que sacrificam suas vidas para salvar as vidas de outras pessoas. Os dois sargentos foram dois heróis brasileiros.

Emoção e lágrimas marcaram ontem a chegada dos corpos de Roberto Lopes dos Santos, de 45 anos, e de Carlos Alberto Vieira Figueiredo, de 47, na Base Aérea do Galeão, no Rio. Em cerimônia que contou com a presença de familiares e de autoridades, eles receberam homenagens e foram promovidos a segundos-tenentes.

O avião da Força Aérea Brasileira (Hércules C-130) pousou no Galeão às 8h55m, vindo de Punta Arenas, no Chile. Os caixões com os corpos dos militares deixaram a aeronave cobertos com a bandeira do Brasil. Santos e Figueiredo foram agraciados com a Ordem do Mérito da Defesa, no grau Cavaleiro, honraria concedida pela presidente Dilma Rousseff, e com a Medalha Naval de Serviços Distintos, da Marinha.

Os caixões ficaram lacrados durante todo o tempo. Em cima das urnas, foram postas as fotos e as medalhas recebidas por Santos e Figueiredo. Os familiares receberam os cumprimentos dos oficiais da Marinha e choraram em volta dos caixões.

- Meu filho era tudo para mim. Sempre foi o meu herói. Era maravilhoso - disse Nair Lopes, mãe de Santos, com um terço nas mãos, ao deixar o hangar amparada por parentes.

A viúva de Figueiredo, Nilza Costa, lembrou os 26 anos de um casamento feliz:

- Foram 26 anos de muita alegria. Ele era um bom marido e um bom filho.