Título: Ações lideram aplicações no mês
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 01/03/2012, Economia, p. 33
Apesar de mau desempenho de Petrobras e Vale, renda variável sai ganhando
Mantido o cenário de alívio nos mercados globais, os investimentos em ações voltaram a ser destaque em fevereiro. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa, fechou o mês com alta de 4,34%, mesmo após recuar 0,22% ontem. Com isso, os fundos de ações acumularam alta mensal de 4,13%, liderando as aplicações. O bom desempenho foi registrado apesar da queda mensal nas cotações da ações mais líquidas da Bolsa: Petrobras e Vale. Seguindo o movimento, os fundos mútuos de privatização (FMP), que aplicam nessas empresas com recursos do FGTS, perderam no mês passado 5,81% e 1,91%, respectivamente.
Ambas empresas foram atingidas por questões específicas. No caso da petroleira estatal, o destaque foi o resultado do quarto trimestre de 2011, abaixo das expectativas do mercado. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras caíram 1,06% no mês. Já as ordinárias (ON, com voto) perderam 4,5%. A Vale, que também viu seu lucro recuar no quarto trimestre, teve quedas mensais de 2,57% na ON e 0,93% na PNA. A alta do Ibovespa no mês, portanto, foi compensada por outras empresas.
- O cenário para a Bolsa segue mais positivo. Não estamos em céu de brigadeiro, mas, à medida que os investidores vão percebendo menos risco em torno da questão da Grécia, o apetite por ações volta - afirma o estrategista de varejo da corretora Ágora, José Francisco Cataldo.
Com o fluxo de recursos de fora para o Brasil, o dólar comercial registrou recuo mensal de 1,55%, mesmo após a forte alta de 1,24% ontem. Assim, os fundos cambiais perderam 2,4% no mês passado.
Poupança se aproxima
de fundos DI
- Nos investimentos conservadores, a diferença entre fundos de renda fixa (que aplicam sobretudo em títulos prefixados) e fundos DI (atrelados à taxa básica de juros, a Selic) se manteve: os primeiros renderam 0,73% mês passado e os segundos, 0,64%. Com isso, a rentabilidade dos fundos DI aproxima-se cada vez mais da poupança, que rendeu 0,5% no mês passado.
- Vamos caminhar para juros mais baixos, como nos outros países. Com isso, o investidor muito conservador vai ter retorno menor mesmo. Será preciso correr mais risco para ganhar mais - afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Embora a poupança se torne mais atrativa comparativamente com o retorno menor dos fundos DI, Colombo não recomenda uma corrida à caderneta. A saída pode ser reservar uma parcela de até 15% dos investimentos para aplicações mais arriscadas, como ações e fundos cambiais.
Diante das sinalizações, por parte do governo, de que estão em estudo mudanças na regra de remuneração da poupança e também na tributação sobre as aplicações atreladas à Selic (como os fundos DI), o melhor é esperar antes de mudar de aplicação, diz Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos. (Vinicius Neder)